sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Décima Letra

Eu dei as costas para o meu medo e se quer saber, me dei muito bem. Bom, comprei aquelas asas da promoção e foi uma bela aquisição. Houve um problema, porém. Levava em minhas costas peso demais e acabou que meu voo durou bem pouquinho. Tive eu que botar pra fora muita coisa.

Guardei tudo naquele quarto vazio logo depois da curva. Botei uma cadeira de balanço e me sentei para observar tudo aquilo que estava deixando para trás. Me perguntei como eu pude manter tudo aquilo comigo.

Passadas umas boas horas, caí em mim e voltei pra fora. Havia uma montanha muito alta. Mais alta que meus sonhos. Mais alta que o céu. Andei tanto para chegar ao topo que minhas pernas viraram pó. Pó mesmo, areia. Pelo menos deu tempo de me sentar no topo.

Olhei pro mundo da mesma forma como havia olhado para o tal quarto cheio de lembranças. De lá de cima vi tudo o que os homens fazem. Toda a dor que causam. Todos os problemas que criam.

Rastejei, então, para o fim dos tempos. Não pulei, pois não tinha pernas, mas caí morro abaixo. Rolei por semanas e quando cheguei ao fim, encontrei o que procurava.

Por muitas vezes você anda, anda, anda e quando pensa não haver mais esperança, uma mão aparece para te salvar.

sábado, 6 de novembro de 2010

10

Tem caído muita coisa do meu céu.

Tem chovido muito no meu peito.

Tem sobrado espaço aqui por perto.

Tem mil coisas que não queria ter feito.

Tem sorriso que me faz querer viver.

Tem beijos que me tiram o ar.

Tem carinhos que não posso ter.

Tem amores que preciso dar.

Tem o medo de não mais viver.

Tem vontade de talvez morrer.

Tem quem diga que eu sou metade.

E que meu outro lado é você.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

24/8

Oito dias por semana.
Me pergunto se seria o bastante.
Bom... ofereço o meu melhor, dou-te o que posso e que não posso e em troca, não espero nada.
Faz-me bem só de viver.
E se tem como explicar, é porque é frágil e falso demais.
Sabe-se, porém, que é totalmente verdadeiro quando as palavras faltam e é de seus olhos que saem a explicação mais básica.
Sim... falo do meu amor.
E é ele que entrego dia após dia. É ele quem me faz sorrir e até chorar, pois se não há lágrimas e dor, não há superação e assim ficaríamos presos no espaço/tempo e nada se transformaria.
Digo isso porque me transformei por causa de seu sorriso e do abrigo que me cedeu.
Me transformei pela esperança que me apresentou e por todas as broncas que me deu.
E é agora, distante de seu amor, que me vejo em terceira pessoa.
Olho para meu rosto fraco, paro e reparo que o que me falta é justamente você.
Mas se o céu insiste em me dizer que é assim, não vou irei contrariar.
Ouço nesses oito dias semanais um anjo me dizer ao pé do ouvido: "Calma".
Calma eu hei de ter. E enquanto me acalmo, fico por aqui.
Sentado à sombra da árvore que plantou pra mim, observando seus passos e te amando de longe.
Pois é amor, mesmo sem toque. É amor mesmo sem presença.
É amor porque é amor.

domingo, 24 de outubro de 2010

17 alqueires.

O meu universo é um espaço especial.
Não tem lados e também não é uma circunferência e quando eu falo de amor, pássaros cantam.
Bom... essa história que escrevo é mesmo a ilusão suprema do surrealismo pós modernista.
E essas palavras sem sentido algum são apenas o reflexo do meu desapego.
Sou mesmo um dadaista que não sabe muito sobre o neo-liberalismo.
Ou quem sabe, alguém que somente não saiba nada.
Sei bem, porém, do meu amor.
Na verdade, não lembro muito, pois dele me desfiz faz um bocado de tempo.
E agora, sou apenas esse andante errante perante um sonho que é meu, mas que não pode ser.
É, morena... tá tudo bem. Sereno é quem tem a paz de estar em paz com Deus.
E eu daqui e de acolá me escondo no meu sofá pra esperar você pra poder voltar a sonhar. Ou viver.
E sim... quero mesmo o teu beijo e teu melhor sorriso, pois são esses que me dão aquele gás que enche os balões que as crianças comprar e pensam que durarão pra sempre.
E, aham... espero por você junto de mim, pois sem ti, não sou. E continuo sem ser até que aquele final feliz que espero se torne o meu presente.
As coisas são assim: dá-se amor, ganha-se céu e se espera pelo futuro. Junto de ti, é claro.
Eu continuo aqui, semeando aquilo que espero ser meu. E colhendo os ares de um amor que vivo. E olhando para os lados, vendo todos colherem seus mais vivos sonhos.
Mas enfim... sou assim e ponto final.
E vou continuar aqui, do lado de cá, onde há esperança e um pouco de paz.
Vou continuar aqui mesmo.
Onde espero calmamente por você.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Água demais mata a planta.

É fácil pra mim descrever as minhas dores.
Minhas alegrias eu guardo para mim. Afinal, tenho eu que aproveitá-las.
O meu amor, te dou.
Bom... tenho que entregar, enfim, não acha?
Há quem diga que esse meu mundo de zinco é só um pedaço da minha história.
Dizem os outros que de perto, pareço com um louco.
Que só fala do céu, dos caminhos e dos amores que vem e que vão.
Tenho, no fundo, que concordar com esses tais. Eles sabem bem o que dizem.
E se sou mesmo esse que dizem, bom... deixa estar.
Acabo mesmo escrevendo meu nome nessas histórias sem fim. Acabo mesmo deixando meus passos por aí, ainda que ninguém tenha a audácia de segui-los.
Mas foi nessas idas e vindas desse mundão velho e sem fronteiras que, sem querer-querendo, acabei tropeçando nos pés da moça que hoje me diz 'bom dia' com muita alegria.
E, estupefato, acordo coçando os olhos e ainda desacreditado.
É, senhora.
O homem estava sentado (ou andando), quase dormindo (ou cochilando) e ainda assim, conseguiu cair de face (DE FACE!) nessa história toda.
Puxa vida, meu Senhor.
Acho que algum daqueles profetas antigos já disse, mas vou fingir que fui eu... posso?
Vamos lá: parece mesmo que quando a gente não espera, acontece!
Pronto... disse.
Bom... eu não esperava e veja você onde é que o barco foi desaguar.
Agora, o próprio tempo dirá.

domingo, 17 de outubro de 2010

Papel de pão

De uma forma ou de outra, acabamos chegando ao fim.
Aí nos perguntamos se foi bom, se erramos e se o carteiro passou ou não.
Mas ele deverá entregar os papéis e as contas. Os débitos e as memórias.
Bate na porta ou toca a campainha esperando você abrir.
Resolve e o chama para o chá e lê com ele os papéis.
Ele ri, chora e se revolta.
E quando o chá termina, ele volta ao trabalho rotineiro.
Caminha por entre as ruas, de casa em casa, levando consigo as palavras que vem de longe.
Leva pra todos os cantos tudo aquilo que todos querem dizer.
Moço bom.
Mas as vezes cai a chuva e molha tudo aquilo que tinha pra ser dito.
O papel enruga e apaga a tinta.
Você cerra os olhos tentando ler as letras miúdas e borradas, mas já é tarde.
O que importa é que sabes que algo havia pra ser dito.
Alguém pensa em você.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Celular é imortal.

Caí do terceiro andar e saí andando. Doeram pernas, braços e couro cabeludo, mas nada que um pouco de água com gás não resolva. Daí tive que ir buscar minhas memórias na casa do seu Abreu que estava dando uma polida no meu passado e disse que faria um preço camarada. Eu iria acabar pagando à prestação, porque sempre me falta nota. Nota-se, porém, que o trabalho do tal homem foi realmente bom. Meus amigos disseram que o resultado foi 'bacana' mas eu já não acho. Quero dizer, o velho fez um bom trabalho. Ainda mais depois de um tombo do terceiro andar.
Depois disso, fui comer um pastel de vento com aquela pimenta que parece veneno de rato. Aí o moço da barraca falava pra mulher que queria um de pizza: Ih... vai chover mais quatro dias seguidos e ainda acho que vem trovão forte, porque o jornal da Globo falou.
Se for ver bem, é da Globo, né? Então... tá.
É, moça bonita... andei pela cidade, capotei e nem vi. Fiz meus afazeres e ainda deu tempo de lembrar de você durante o dia todo.
Na verdade, eu só pensei em você o dia todo.
O resto foi bobagem.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Farrapos e jornais molhados.

Há de ruir, no fim.
Assim como tudo que é triste tende a acabar.
Assim como a felicidade vai se dissipar.

Minhas lágrimas, cartas e mensagens para ninguém serão esquecidas e guardadas em caixas de metal cinza. E a ferrugem virá em breve, como quem não quer nada, para dominar todo o céu e derramar sobre nós as últimas letras do alfabeto.

Aí quando todos estivermos mortos de cansaço e com os cabelos cheio de metal corroído, alguém irá gritar tão alto que o próprio céu se assustará.

Boom. E num estalar de dedos, nascerá luz e brotará o verde. Escorrerá de nossos olhos as últimas lágrimas e encontraremos o amor.

É assim que a história é contada e é assim que nunca acontece.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Bem... talvez lhe falte.

Eu precisava mesmo me guardar um pouco e esperar o tempo passar. Aí então, quando os dias chegaram ao fim, pude dizer àquele moço que estava sentado naquela cadeira de balanço fazia algumas boas semanas: "Pronto!".
Bom... ele me olhou um pouco assustado e no seu rosto cansado eu via que não era o momento para eu partir. Mesmo assim, disse que já era tarde e que alguns poucos sonhos estavam a me esperar.
Quero dizer que... mesmo que... bom. Nem sempre é possível passar os dias inteiros sentado à beira de um riacho, somente a ouvir os pássaros e a sentir a brisa calma. É necessário um pouco mais de dor e de vida real.
A gente anda pra cima e para baixo, esquecemos dos lados. É normal para nós, que esperamos sempre os sonhos virem nos buscar.
A verdade é que, por muitas vezes, eles não virão.
Aí volta aquela vontade de reencontrar o velho moço, dizer pra ele que precisamos muito. Ele nos olhará com cara de quem não sabe bem do fim, e suas rugas se tornarão mais presentes, assim como engrossará sua voz e seu tom. Bem... não vamos nos assustar, no final. Ele há de dizer algumas poucas palavras, três versos, uma estrofe. Pouco, mas suficiente para tremer nossas pernas e nos dar ar.
É...
Pintei meu céu com novas cores depois de ouvir sua voz. Dá pra caminhar agora.
Se não sabe do que falo, bem... talvez lhe falte amor.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Tudo aquilo que não se deve esquecer.

Faltava um pergunta para ser feita: "Você aceita?".
Bem. Assim como faltava a pergunta, faltou coragem.
É comum para mim, é claro. Sempre falta algo.
Assim sendo, o tempo passou. Da forma como só ele sabe passar.
Meus dias viraram noite num piscar de olhos e quando dei por mim, já era tarde.
Eu estava prestes a validar meu triste fim, mas fui pego de surpresa e era minha inocência (se é que posso chamá-la assim) que me fazia crer que era mesmo o fim. Pobre de mim.
O próprio tempo que levara consigo minhas esperanças num passado recente, resolvera que eu era bom e trouxe de volta meus dias de paz.
Na verdade, trouxe um bilhete com letras e números que indicavam o caminho.
Arrumo meus pacotes, sentimentos e dizeres. Levarei comigo minhas alegrias e, principalmente, meu amor.
Guardo minha coragem, meu sossego e minha compreensão.
Desde a notícia, tenho guardado tudo o que posso. Mantenho a calma e o foco.
Se antes meus dias queimavam como o meu cigarro, hoje os veja renascer como aquela ave bonitinha.
E ainda levo comigo alguns dos meus pilares. Pilares que me orgulho de ter como suporte. Estão comigo desde sempre e em todas as ocasiões. Espero que eles também consigam tirar o melhor dessa jornada.
Calço meus sapatos velhos, sujos e cansados.
Levanto do meu leito, lavo meu rosto e digo: "Lá vou eu.".
Bom... uma hora ou outra, temos que encarar a tal jornada de nossas vidas.
Minha hora chegou.
Desejem-me sorte.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Vai lá, vem cá.

É real, no final das contas.
Podemos sonhar muito, pensar até demais e criar as sensações.
A crença árdua, porém, transforma toda essa esperança em realidade.
E se por alguns dias se tem a realidade em mãos, nua e crua, e dela tira-se as melhores e maiores verdade do universo, segundos depois, tudo o que se quer é manter essa realidade mais viva do que nunca.
Bom... não cabe só a mim.
Os deuses e seu destino doloroso forçam minhas dores.
Agravam meu sofrimento.
E eu? Bom... pobre mortal que sou, espero.
Espero como quem acredita.
E como quem nunca deixará de acreditar.
É de lá do céu ou do além que virá a resposta.
E nós, homens de bom coração, continuamos descrevendo o nosso dia a dia por essas linhas tortas, para quem sabe, ajeitar tudo um dia e ver então as palavras se endireitarem.
Mas não dê ouvidos a essas divagações de um homem que não tem muito o que dizer.
Ouçam mais o que vem daquele músculo pulsante.
Pois foi ouvindo o meu que descobri novas razões.
E é assim... simples.
Ou não.
Mas afinal, quem sou eu pra discutir.
Agradeço a esses moços daí de cima que continuam a me dar esperança.
Valeu, mermão.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Costura meu peito

Puxei fios de recordações desse pequeno baú chamado memória. Costurei essa saudade junto aos botões de minha camisa.
Carrego a lembrança.
Colados nas solas desse sapato velho estão o suor e as lágrimas dessa dura labuta. Meus olhos ardem por não ter motivos para chorar.
E eu que pensei ser feliz por não sofrer acabei descobrindo que era minha dor que me dava motivos para escrever.
Se meus passos se distorcem, se minhas mãos tremem e se meus olhos ardem é porque falta a clássica dor de amar.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Dois passos e um salto.

Bom...
Chegaram, enfim, os novos dias.
Vieram em caixas coloridas e bem enfeitadas, com cartões com alguns dizeres animadores.
Tomei minha caixa em mãos e a abri.
Poxa vida!
Juntos aos meus novos dias, encontrei um manual.
Instruções claras de como otimizar os dias que iria viver dali pra frente.
Resolvi fazer diferente das outras vezes e agora, segui meu manual.
Deixei de lado algumas coisas, trouxe para comigo tantas outras novas. Aposentei sentimentos e renovei espíritos adormecidos.
Tornei-me novo.
É fato que, ao me olhar no espelho eu não me reconheça, mas o tempo irá fazer com que eu me acostume com esses novos traços.
Encontrei novos olhos para olhar, novas mãos para apoiar.
Pedi a Deus que pusesse um sorriso em meu rosto.
Que Ele cortasse meus cabelos e reanimasse meu coração.
Assim, renovei minha vida e minha alma. Meu coração encontrou uma nova forma de viver. Minhas pernas procuram agora por novos caminhos e meus olhos se surpreendem com cada nova nuvem que aparece no céu.
Deixo meu agradecimento aos anjos que me trouxeram novos dias e também a esse tal Deus que botou esperança em meu rosto cansado.
O que fui está guardado em uma caixa também. Bem trancado e longe de mim.
O que sou está aqui, esperando por você.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Durma, livro meu.

Sobraram somente algumas linhas no livro da minha vida e eu ainda tinha muito o que contar.
Pena.
Não queria descrever minha morte, minhas dores finais. Não queria mesmo contar sobre meus amores e sobre minhas jornadas até o interior de minha mente.
O espaço era pequeno, precisava ser preciso e direto e, ainda assim, descrever com clareza o momento mais importante de toda minha caminhada vital.
Eu, que sempre fui especialista em dar mil voltar para chegar a um ponto, precisava agora deixar de lado todas as minhas alegorias para somente expor os fatos.
Só havia um pequeno problema.
Não sabia o que contar.
Vi minha história passar diante de meus olhos e ainda assim não consegui tirar desse emaranhado de sentimentos um único que fosse importante o bastante para completar meu livro.
E enquanto os créditos já começavam a subir, vi o suor escorrer pela minha face. Estava com medo de ter vivido toda uma vida e ainda assim ter sido incapaz de guardar algumas poucas palavras ou uma pequena história para o meu desfecho.
Foi assim, sem saber o que escrever, sem ao menos saber se tinha o que escrever, que caí em mim e percebi.
Não são palavras em um papel surrado que dirão se foi válido ou não.
Meus sentimentos passados e presentes não foram feitos para serem descritos por uma série de metáforas. Foram feitos para sentir e somente isso.
Nas últimas linhas que me faltavam, fui direto. Objetivo como nunca antes. Sem delongas.

"Se morro hoje é porque vivi. E só eu sei o quanto. Adios, Esteban."

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Lágrimas do nosso adeus.

Não sobrou muito pra dizer.
Esperava muito mais de você,
E bem menos de mim.

Tentei entender, mudar, crescer.
Levar comigo memórias para crer,
Se a resposta fosse sim.

Mas você não é assim.

Veste tua capa de chuva,
Pois muita água cairá.
Os céus não querem assistir o nosso fim.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Texto sem nome, probrezinho.

Bom dia
Quer ouvir sobre mim?
Esqueça
Já estou quase no fim.

Dessa história o que ficou
Deixou, passou, não mais
E se sobrou não é capaz
De me dizer o que fazer

Até que enfim
Como quem não quer saber do 'sim'
Voltou e disse que o tempo
Se esqueceu de avisar

Que há dias pra correr
Histórias pra contar
Memórias pra guardar
E amores pra criar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O pouco para muito

Não é preciso muito tempo para se criar um universo de sensações.
Na verdade, nada necessita de tempo prolongado. Basta querer e... torcer.
Engraçado é que, ocasionalmente ou não, nos deparamos com coisas que não conseguimos entender.
E é assim, nesse estalar de dedos que nos vemos perante pessoas que nos trarão algo além de palavras soltas ao vento.
Trarão sorrisos.
Trarão presença.
Não é a duração do contato que demonstrará a intensidade do sentimento ali presente.
Assim como não é tempo que determinará a continuidade das coisas.
Percebemos com facilidade quando as coisas são realmente boas.
Com poucas palavras, sabemos quem é de verdade.
E é assim, que de longe, digo que sinto saudades.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Não faltou espaço, no final das contas.
Sobrou um pouco pra eu guardar as minhas memórias.
Reescrevi algumas poucas histórias do meu passado e colei-as em minhas paredes cinzas.
Fico, então, a observá-las para tentar encontrar meus erros.
Fato! Não encontrarei nunca.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Volta (Sobre o que virá)

Parece já passar da hora, mas ainda assim, não sei muito bem por quem esperar.
Na realidade, não sei se devo acreditar que alguém será capaz de esticar as mãos para de resgatar.
Não sei muito bem como lidar com essa situação.
Esperava saber as respostas para poder trilhar meu futuro, mas dentro de minha mente as coisas não são tão fáceis assim.
Nesse vai e vem de informações, não me vejo. Me perco.
Meus olhos pedem por nova esperança, pelo reencontro, mas meu coração não saberá o que fazer.
Diria eu milhões de frases de efeito para tentar disfarçar aquilo que todos já sabem.
Faria de mim uma grande fortaleza, quando na verdade, não passo de um castelo de areia.
Tenho certeza de que pra você não é novidade o que sinto.
Assim como não será novidade as minhas reações.
Assim como não será novidade minhas lágrimas.
Assim como será inevitável a dor.
Já faz tempo, mas ainda não passou.
Mas volta...
Deixa que o sorriso explique o que as palavras não conseguem.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sobre a espera que se vai

Rezei por muitos dias para que eu tivesse futuro.
Pedi aos céus que guiassem meus caminhos, que controlassem meus pés.
As respostas demoraram a vir. Juro que para mim, não viriam mais.
Estava só, como sempre estive. Me acostumara com esse estado.
Entretanto, de súbito, vi minha espera ir embora, juntamente com o vento frio da tristeza.
Ah...
Justo eu, desligado das crenças maiores, tão confiante nos homens, fui procurar minha força nos céus, enquanto podia encontrá-la aqui, próximo ao meu sorriso apagado.
E quando a vi, tive medo de tomá-la para mim. Sentei e fiquei a ouvi-la. Ainda que seu silêncio.
As vezes, não há palavras para descrever.
Bom... agora que sei, não tenho dúvidas.
Meu coração se confortou de uma forma única, como não se confortava há tempos.
Encontrei o que faltava. Encontrei aquilo que havia ido embora e levara consigo minha paz.
Encontrei em outra forma. Encontrei em tamanhos maiores.
Encontrei o que sempre busquei.
E o sorriso que se outrora se apagara, hoje já não cabe em meu coração.
Finalmente, durmo em paz.
Sorte dos meus sonhos.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ex-Terra.

Sobrou um espaço para as palavras finais.
Não soube realmente o que dizer.
Deixei o tempo passar, enquanto observava os ponteiros do relógio se moverem.
O frio bateu em meu peito... não percebi como os dias correram.
Me esqueci que o tempo muda. Estações.
Sinto falta dos carinhos que já não vem mais, mas acabo me entregando a outros sentimentos. Maiores, talvez.
Sentado em minha cadeira de balanço, observo o universo se comprimir e levar consigo as verdades que buscamos.
Minha ilusão se tornara a mais pura realidade. Meus medos estão presentes em seus diálogos.
Do mundo que sonhamos, só sobrou o nome.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Entre

Resolvi decorar meu quarto.
Arranquei fora minha alma e a cortei em pedaços disformes.
Hm. Admito que o resultado não foi lá muito satisfatório, mas não dava para esperar muito de uma alma como a minha.
Alguns pedaços ficaram caídos pelo chão e se misturaram com as cinzas do meu destino.
Ah... santa bagunça.
Viver nessa confusão chega a ser bom... tantas coisas fora do lugar me fazem esquecer de minha dor.
Acho que sei, no final, o que busco, mas acabo preferindo ficar por isso mesmo.
Me iludindo ou não, tanto faz.
Manterei-me nessa linha tênue.
Dos sentimentos que trouxe pra casa, o único que sobrou foi o desapego.
Os outros devem estar por aí, dentro de caixas, gavetas, ou mesmo embaixo da cama.
Não quero achá-los.
No momento certo, ele baterá na minha porta.
Não se procura amor. O acaso traz.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Além do que se vê

Eu poderia dizer milhares de coisas sobre as mudanças, mas acho que não há necessidade. Passei muito tempo da minha estadia nessa casa falando sobre se manter constante e sobre mudar.
Hoje talvez seja o momento de eu descrever um recomeço.
Não é exatamente uma mudança. Ou talvez seja completamente uma, mas as circunstâncias as diferem.
Eu vinha buscando um recomeço, assim como todos nós buscamos um. Uma saída, uma válvula de escape para, então, dar um novo rumo pra isso tudo que chamamos de vida.
Esperamos achá-lo em uma pessoa, em um momento, em um lugar.
Esperamos sempre.
Ao invés de esperar, resolvi fazer eu o meu próprio recomeço.
Acordei cedo, abri as janelas e deixei a vida circular.
Me senti melhor.
O sol penetrou por meus olhos e me senti criança de novo. Tal como se acabasse de conhecer o mundo.
Vi o céu, ouvi os pássaros e percebi que realmente tinha mudado.
As coisas já não eram como antes.
Passei a sentir novamente cheiros, sabores. Passei a cantar novas canções.
Encontrei a vida, novamente. Ou talvez, pela primeira vez.
A estrada é muito longa, mas isso não faz de nós pequenos.
Somos donos de si e capazes de mover montanhas com palavras.
Se é assim, pra que insistir em esperar?
Foi bom perceber que eu e somente eu sou capaz de dar novas cores pra minha vida desbotada.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Capa de chuva

Apaguei as luzes do meu coração. Agora ele vive no escuro.
Pode ser doloroso, mas foi necessário.
Meu coração estava vendo demais. Pensava achar amores em qualquer lugar. Coitado.
Precisei cegá-lo. Precisei fazê-lo entender que quando for verdade, ele saberá. E mesmo às escuras, será capaz de trazê-lo pra si.
Bom... agora, nessa escuridão, estou me sentindo um pouco frio. Talvez seja só o frio de fora, mas nunca se sabe.
Parece que não sinto mais como antes. É estranho, mas não ruim.
Me privar de falsidade é, no mínimo, um alívio.
Agora dá pra prosseguir... ou talvez não.
Que seja!
Viver na espera é pura fraqueza.
Agora, calcei minhas botas da esperança e comecei a caminhar.
Andarei um pouco ou muito, até tropeçar naquilo que me fará outra vez vivo.

sábado, 12 de junho de 2010

Senhora lua

Bom dia ou boa tarde ou boa noite, cara senhora lua.
Escrevo-lhe hoje para pedir-lhe que não sumas.
Que é teu brilho que me guia em noites escuras.
E sua beleza que torna minh'alma segura.

Se minhas palavras não forem suficientes, te suplico.
E enfim explico que me falta amor.
Que o que espero não virá embalado em vidro.
E se vier, sei que lhe faltará sabor.

Oh, menina...
Esqueça a lua por um tempo e deixa que eu faço um remendo pra esse seu coração parar de sangrar.
Ah, menina...
Abra seus olhos, ainda há tempo.
A primavera é um bom momento pra recomeçar.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Da distância que faz doer.

Sobre a saudade, não há muito o que dizer.
É cruel e doloroso, disso já sabemos.
Desses passos todos separando alguns pés, tiro a conclusão que o sofrimento é a base desse sentimento.
Hoje, sentir saudade é quase que prova de vida.
Saber que criamos algo e que agora sentimos falta, é provar para nós mesmos de que conseguimos mudar nossos rumos.
Da distância que faz doer, não tenho muitas palavras.
Somente sensações.
Se foram sorrisos, belos olhos, carícias, não importa...
Sabemos que foi e que se fez grandioso.
Ah sim...
Se pudesse, mudaria o rumo de tudo e transformaria toda minha saudade em presença.
Do lado a lado que tanto quero, crio meus sonhos.
Sonhos de vitórias e conquistas.
Daqui, do outro lado do universo, deixo meu sorriso superar os quilômetros pra dizer que não passou. E que não vai passar.
Hoje é o que é graças ao que passou.
Mesmo que agora não mude tanto quanto antes.

De longe, digo com louvor:
Sinto e muito com sua ausência.

O canto dos pássaros.

Não era um dia muito bonito. Pelo menos pra mim.
Os pássaros acordaram cedo, mas não tiveram vontade nem força para cantar.
Sentei logo ali, sobre a grama úmida pra olhar o céu cinza.
As nuvens me olhavam tristemente. Pobre de mim.
Queria cantar uma canção pra fazer teu dia mais bonito.
Uma canção pra te fazer lembrar.
Não há.
Faltam acordes... falta minha melodia.
Não quero saber do passado. Não mais.
Mas meu futuro se reprime e me nega a cada dia que passa meu pouco de esperança que restava em meu coração.
Não estou triste, afirmo logo agora.
Estou farto... farto de meu amor.
Farto de me doar sem receber. Farto de me perder.
Sei que é justamente assim. É uma lei.
Tem dias que prefiro não acordar. Não levantar de minha cama molhada de lembranças.
Quero esperança, mas antes, amor de verdade
As vezes, estou pedindo demais.
No fundo, acho que mereço.
Já andei por estradas muito sinuosas pra provar que sou digno de um amor.
Já superei e derrotei os demônios de meu interior.
E agora me pergunto: Deus, por que não posso amar? Somente isso que preciso.
Deixo de lado minhas divagações sobre meu desamor.
Levanto de meu lugar cativo, lugar de gente fraca, e saio novamente a caminhar por esse dia cinza.
Vou correr um pouco, arranjar uns potes de tinta pra pintar nessas paredes o nome de uma só pessoa.
Quem sabe assim, só assim, o mundo, Deus, ela, perceba que não é muito que quero.
Quem sabe assim...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Calma coração

Quem diria...
Novos dias começaram.
E pra quem esperava o fim, o recomeço é a uma benção única. Um milagre.
Olhava há tempos pela janela já turva de minha vida sem conseguir sequer enxergar uma faísca no fim de meu túnel. Minha esperança havia se esvaído por completa e eu já havia desistido de escrever minhas memórias.
Não é luz que me falta. Não é vida ausente. Era amor.
E ainda é, se visto de perto.
Mas de que me adiante lamentar pelo passado triste que agora mexe com meus nervos?
Ele continuará aqui, até meu fim.
Então, traço uma linha paralela ao meu lado e crio um novo mundo pra viver.
Assim, acho novos motivos e algumas poucas novas sensações.
Encontro vestígios de amores imaginários e surreais.
Estou aqui, do outro lado do espelho, esperando que o tempo passe e leve consigo os dias ruins de minha vida. Sei que demorará, mas enquanto isso, no lustre do castelo, continuo meu caminhar.
Por entre os cacos que ficaram, encontro as o que me falta: coragem.
Meu coração se diz pronto para amar novamente.
Eu acho que não.
Darei tempo.
Não quero estragar com minhas mágoas a pureza de um novo amor.
Deixe que os demônios se cansem de me atormentar e aí então mostrarei a eles que ainda sou capaz de voar com os anjos.
Calma, coração.
Seu tempo há de vir.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Novas pernas para a velha cadeira.

Resolvi deixar pra trás minha ignorância. Deixei-a a sós no meu velho porém nem tão aconchegante cárcere privado.
Trouxe comigo minhas poucas certezas. Poucas, mas suficientes para meu recomeço.
Não me afeta mais seu ódio. Não sinto mais o seu rancor. Me imunizei.
Dentro de mim sobraram as boas lembranças de um passado que realmente vivi.
O que sofri se dissolveu em meio as minhas lágrimas. Lágrimas essas que já não são mais eu.
Me reergui e provei, enfim, para mim que essa dependência se tornara supérflua e que antes dela deveriam vir meus princípios.
Caminho distante de meu estado inercial de tristeza. Aprendi a fugir da toca do coelho e com isso, já não me confundo mais.
O que sou é pouco.
Quem sou são muitos.
Novas pernas para minha velha e já cansada cadeira vital.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ouve esse som, senhora.
Som do recomeço e também de graças ao fim.
Som de flautas doces que soam singelamente felizes...
Ah...
A falta de esperança faz do homem um buraco negro, que tende a sugar as alegrias e levá-las para um outro universo.
Criamos esperança, então. Para compensar os males que a vida nos tráz. Criamos esperança.
Um dia choramos, noutro rimos. E em todos eles, somos obrigados a viver.
Morrer é fácil, manter-se vivo é que é difícil.
É uma eterna luta para nos mantermos respirando. Nadamos contra a corrente, lutamos contra paredes. É tudo em vão.
Se é assim, pra que então? Pra que qualquer coisa e qualquer momento? Vale pra tudo, literalmente.
É ilusão, fato.
Salvo o amor.
O amor não é disso. Não é de falsidade nem de descrença. Não é de se vender nem comprar.
É e somente é de se sentir.
Então, é melhor deixarmos de lado os problemas que da vida e do mundo... chutar o balde da descrença e mergulhar fundo no que realmente sabemos que existe...
Só vivo pra manter em mim esse meu amor.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Estou aqui... preso.
Queria viajar... mudar meu curso e meus mundos.
Encontrar algo único e que, particularmente, sei exatamente o que é.
Mas, contra minha vontade, devo permanecer aqui.
E injustamente, me esqueço de dar meu máximo.
Máximo esse que, sem sombra de dúvidas é exatamente o mínimo que mereces...
Oh, pobre de mim... ou de ti...
Me perco. Não da boca pra fora, mas me perco realmente... sou fraco.
Não pra dar dó ou pena, mas fraco por natureza... incapaz...
Viajo, então, em pensamento. Segundo a segundo. Na esperança de que alguma nova tecnologia ou nosso simples amor desvende os mistérios desse além e, então, nos faça comunicar por esse pensamento constante.
Preciso e quero.
Preciso de você e quero você.
Oh, dor...
Dói... a cada segundo...
Penso... a cada segundo...
Sinto... até antes de segundo...
É tudo tão frenético que preciso mais e mais, mesmo distante.
Espero, então, se concretizar...
e que se concretize logo.
E que dor se faça, enfim, físico amor.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vida de cão

Mudei meu universo inteiro.
Sofistiquei-o, quem sabe. Relativamente.
Afastei-me de meus princípios e de meus mal olhados.
Estraguei meu histórico com manchas de fuligem e catchup.
Agora, tento reescrevê-lo com minhas próprias loucuras e lágrimas.
Distante de tudo e principalmente de meu amor, sou quase puramente pó. Poeira levantada por pés cansados.
É engraçado essa vida de cão. A Doralice deve ser feliz, mas minha vida é de cão. Cão rajado e desdentado.
Comendo sobras e restos e vivendo puramente de correr. Correr pra lá e pra cá. Acolá. Sem rumo.
Fumo esse cigarro de saudade. Vejo a fumaça escrever o nome dela. Na verdade, vejo o nome dela em todos os cantos dessa parede mofada. Ouço seu cheiro e sinto sua voz. Ou vice-versa.
Meus estudos são quase que inteiramente sobre filosofias de afastamento. Filosofias puramente de reestruturação. Nada de cálculos.
Nesse momento, reencontrar-me é fundamental.
Dizer que sou o bixo triste. Talvez seja. Ou esteja.
Preciso de força distante e já rara. Que se fará mais rara com o desenrolar dos dias.
Ainda assim, será minha força una e eterna. Constante como K.
Oh...
Precisava de paz, mas paz é para os fracos.
Quero guerra contra demônios. Batalhar para viver.
Para, então, no fim, dizer: Fui um vencedor.
Oh, claro, se conseguir vencer.
Pois então, volte aqui. Segure minhas mãos secas e desidratadas. Me leve para meu caminho novamente. Me mostre como viver.
Em ti, claro.
Sem ti, só pó.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Prenda-me, oh.

Trancado no meu cárcere privado.
Aqui mesmo que prefiro ficar.
Distante de esperanças falsas.
Perto de mim.
Destrancaram meus cadeados.
Desamarraram minhas mãos e braços.
Podia eu, agora, deixar de me prender.
Mas não quis.
Entre essas paredes sei onde posso ir.
Conheço cada canto de minha memória.
Cada vazio de meu coração.
Mais que isso? Excesso.
Voltarei agora para minha cela.
Quando me for, abra a porta, entre, acenda a luz e leia tudo.
Deixo nas paredes os meus altos e baixos, amores e desapegos.
Entenderá mais de mim. Ou quem sabe, menos.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Refresquei meus pensamentos ao lado de grandes companheiros.
Amigos que, enfim, verei distantes.
Hoje o que sinto já é ausência. De todos os momentos.
Saudade é pouco para o que vocês me farão sentir.
Tol, Léo, Tandy, Diego, Brunão, Neto, Adriano, Coquinho, PDR!, Bombris, Gu, Tiago e mais alguns que esqueço de citar agora. Amizade é amizade. Irmandade é mais.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Adios, Esteban.

Acendo meu último cigarro. É uma promessa.
Sentado agora, fico a assistir a fumaça subir para os céus e se juntar as nuvens.
Acredito que ela não seja bem-vinda por lá.
Assim como não me sinto bem-vindo por aqui.
Minha visão está turva. Estou quase cego de dor.
Devia ter gritado mais. Devia ter segurado mais forte.
Sinto esse vento gélido passar por entre meus dedos e fazer brilhar a brasa de meu cigarro.
Dou meu último trago de esperança.
Crio histórias que, no final, penso ser verdade. Conto para meus netos e eles creem mais que eu.
Típico de mim.
Vi minha ascenção e queda separadas por segundos e por lágrimas.
Senti minha liberdade e me enjaulei, sem mesmo me preocupar.
Retiro, então, força sei lá de onde, e me levanto.
Está tão escuro que não enxergo meus pés tocando o chão úmido.
Dou alguns poucos passos. Era só o que restava. Tudo que podia dar.
Arremesso meu coração contra a parece. Dói.
Confesso que não sei amar. Confesso destruir tudo. Peço perdão, não sei a quem.
Não sou digno de resgate. Não honrei minha palavra.
Fiz por merecer.
Típico de mim.
Já que estou perto do fim, deixo algo para que não se esqueçam de mim.
Poucas palavras.
Cá estão: "Não sou homem mau nem bom. Nem velho, nem novo. Sou dúvida para mim mesmo. Desconhecido para todos. Deixo, desolado, ao meu lado, meu pobre coração. Qualquer porco é digno dele. Pois então, faço meu último pedido: tome-o para ti, ainda que sem servidão. É só o que peço".

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Escrevi milhares de cordéis e preguei nas paredes de minha memória. Meus pensamentos vivem lendo minhas próprias palavras o que, no final, acaba confundindo-os.
Dentro de minha cabeça ecoam versos que eu mesmo escrevo. Versos sobre o mundo aqui de fora e sobre os sentimentos daí de dentro. Converso com meus neurônios em prosa e verso. Canto cantigas e danço sambas de roda junto ao meu sub-consciente. Vivo em festa com meus pensamentos.
De relance me vejo preso a uma idéia. Não consigo desgrudar minhas cordas vocais para entoar meus cânticos que outrora animavam a festa de minha memória. Minhas pálpebras ficam coladas e estagnadas. Tudo parece estático.
Deixo para trás meus sonhos que agora mais se parecem com um emaranhado de idéias. Não vivo por mais nada. Sigo no meu pobre estado inercial.
Para um ser que assim vive tudo acaba perdendo as cores. Vejo em tons de cinza. Tudo desbotou. Até eu.
Em uma de minhas caminhadas rumo a lugar algum, acabei encontrando uma bela garota cujo o nome eu não me lembro. Na verdade, não me lembro de quase nada mais. Enfim.
A bela garota me acolheu com um abraço apertado e palavras de conforto que também não me recordo. Me botou para dormir em uma boa cama e lá fiquei por sete anos.
Acordei com os olhos doendo, com minha barba beirando os dois metros. Me levantei e vi, sentada logo ali, a bela garota. Pude ver seus belos olhos azuis, que brilhavam mais que o céu de um dia de sol. Encanto de flor.
Já não entendia muito sobre o mundo. Tudo estava mudado, incluse eu. Estranho é que, vagarosamente, voltava ouvir uma canção soar dentro de minha mente. A mesma canção que fora interrompida sete anos atrás. Perguntei, então, a bela garota: "Qual teu nome?". Ela acenou com a cabeça, negando a resposta. Insisti: "Por favor. Diga-me teu nome?". Enfim ouvi tua voz, suave como veludo: "Não importa meu nome. Saberás quem sou quando voltar a saber quem és."
Eu me vi preso de novo. Olhava pro velho espelho e não recordava meu nome, não reconhecia meu rosto. Com a tesoura velha aparei minha barba e meus cabelos. Voltei a dizer: "Onde estou?". Ela disse: "Está onde devia estar.". Me pegou pelas mãos e me conduziu até a porta. Caminhamos alguns metros por um belo jardim, recoberto de flores das mais diversas cores e tamanhos. Ouvi o canto dos pássaros, vi a cor do céu, senti o vento calmo e o aroma do verão.
Pensei ter caído em mim: "Morri?". Com calma, me respondeu: "Realmente é o que acha? Acha que morrer doeria tão pouco? Acha que sairia do mundo, repousaria e então acordaria aqui? A morte exige muito mais das pessoas. Muito mais força. A morte deve doer muito para você nunca mais querer morrer. Acha mesmo que morreu?". Não sabia mesmo o que havia acontecido comigo. Não sabia onde estava, quem era ela, não me lembrava nem quem eu era.
Sentou ao meu lado em um banco que ali havia e voltou a falar: "Você me criou. Sou o seu amor. Haviam me levado de você, mas um bom amor sempre volta pro seu recanto. Voltei quando mais precisava. Quando seu corpo caía em tentação.". Assustado, disse: "Isso é sonho, então?". E ela me disse: "Não chamaria de sonho. Esse é o teu amor. Agora sabes como ele é e cuidará muito mais dele. Conheça o teu amor e o dê somente a quem merecer. Agora vai, volta pra vida que tem um sonho lá esperando por você pra se tornar realidade.". Me deu um beijo, pisquei meus olhos e voltei a viver.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tive um sonho de alegria.
Meus pés se descolaram e voei sobre as fronteiras desse amanhecer.
Encontrei no meu céu anjos que insistiam em dizer que ventos de paz ainda viriam.
Enfrentei demônios e, ao contrário de antes, fui capaz de vencê-los.
Mas aí, de súbito, me acordaram.
Aos gritos, sem piedade.
Remexi meus ossos, descolei meus olhos e vi, enfim.
Estava tudo aqui. Debaixo de meus pés e de meus olhos.
Um sonho que se realizou ou uma realidade que sonhou demais.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Carta para dizer adeus.

Já não há mais o que fazer por aqui. Não há mais pelo que esperar, nem motivos sequer pra sorrir.
Meu tempo se deu por esgotado. Se cansou de esperar por verdades que nunca virão.
Minhas costas se cansaram de carregar os escombros de minhas decepções e minhas pernas se cansaram de andar em vão.
Jão não há mais opções e nem caminhos a seguir.
Então, faço disso o meu adeus. Digo em alto e bom som que me cansei. Que já não valho o ar que respiro. Que já não mereço o amor que sinto.
Se não há por quem viver, pra que lutar?
Digo adeus, então, aos poucos que ainda se recordam do meu rosto. Peço perdão por faltar coragem para dizer essas palavras pessoalmente, mas o tempo é curto pra quem precisa partir.
Agradeço a todos que me fizeram sorrir e a todos que me fizeram chorar.
Mas, enfim, preciso partir. Outro virá em meu lugar e eu não devo mais estar aqui.
Antes de ir, quero expôr minha última objeção: Dei o melhor de mim para que eu fosse o melhor. Se melhores virão, já não será mais minha culpa. De mim, tirei o elixir das batalhas para realizar e transpôr as mais difícies tarefas e minha alma se despede na esperança de gratidão infinita de meu corpo.
Hoje é o meu fim. Mas é também o começo de uma nova vida.
Adeus, Sofia.