terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Carta aos meus demônios.

Fiz da minha alma um túmulo de boas esperanças.
Depositei em uma caixa os últimos vestígios de sorrisos.
Por fora, sobraram apenas cinzas da destruição.
Já não me vejo. Já não existo.
Dentro de mim, há vazio.
Retirei tudo o que valia guardar e, então, guardei.
Vivo na esperança, na espera.
Meu coração bate por inércia esperando o fim dessa contínua história de desapego.
Às vezes acho que vou me esquecer de viver. Assim como esqueço de me alimentar. Respirar já se tornou um mero detalhe, tal como cortar o cabelo ou fazer os poucos fios de barba que nascem em meu rosto pálido e cansado.
Desistir da vida talvez seja um grande pecado, mas sou incapaz de cometer o maior deles: tirá-la de mim.
Já estou fraco o bastante para não aguentar sequer dizer meu nome. Agora digo ser apenas solidão.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Não sou uma pessoa de muitas palavras. Ou talvez eu seja.
Já sei. Não sou uma pessoa que diz muitas palavras, prefiro escrevê-las.
Talvez, em alguns momentos que nem eu compreenda, de minha boca saiam palavras demais. E, um segundo após isso, me deparo com a triste e fracassada consequência de meu ato impensado.
Sou completamente errado em tudo que faço. Um completo fiasco.
Ainda assim tento me manter atento. Sei muito bem que em algum momento outro erro irá surgir. É batata!
Além disso, tenho algo mais a dizer sobre mim: eu sonho muito. As vezes sonho tanto que passo a acreditar que tal sonho é de fato minha vida. Uma completa ilusão. Quero ter em mim tudo e jamais perder nada. Sou errado em tudo.
Em contrapartida, pareço um bom homem. Luto pelo que eu quero. Luto por aquilo que eu mesmo fiz partir.
Desastrosamente, me vejo sob uma cortina de fumaça, onde não vejo nem meus próprios olhos. Quando todo isso se esvai, me vejo derrotado e a um passo do fim.
Estou onde estou justamente por tudo isso.
A verdade é que isso que eu escrevo são palavras para tentar confordar meu ego ferido. Ninguém realmente lê esses textos vagos. Por que leriam esse?
Antes escrevia sob outras perspectivas. Sobre outros eus, talvez. Mas percebo, enfim, que é sobre mim mesmo que se escondem os fatos.
Perdoem pelas idéias não conectadas e pelos erros gramaticais e de concordância.
Sou apenas eu, tentando me enganar. Tentando fugir de realidades jamais vistas por mim. Ou talvez ignoradas.
Para concluir:
Acho que após uma vida de erros, me encontro agora num beco sem saída. Me tiram o ar. Não que eu não mereça isso, pelo contrário, concordo plenamente que fiz por merecer. Só não sabia que doeria tanto.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Enfim, a noite vem
Sem fim, pra me entristecer
Todo dia não é mais dia.
Nos confins, tento ver
Em mim, só há no que crer
Todo dia não é mais dia.
Bom dia, aqui é noite
Quem cria também destrói
Todo dia não é mais dia.
Assim, como um dia que insiste em desaparecer
Assim, como um homem que não desiste de crer
E assim como um dia não é mais dia, sou apenas sonho.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Do meu amor, tirei um terço
e aí rezei
pra tudo melhorar.
Do meu amor, tirei a margem
e entortando-a
fiz uma flor.
Do meu amor, tirei o quinto
paguei impostos
pra te ver sorrir.
Do meu amor, tirei tudo e o que não havia
e te ofereci
te dei o que sou.
Rezando, com flores, doando e, enfim, entregando.
Não há mais eu, só espera...
do meu amor.

domingo, 22 de novembro de 2009

Acho que perdi meu espírito revolucionário.
Além disso, tenho perdido muitas coisas.
Uma delas é essencial.
Entretanto, não venho me prendendo em justificativas, em motivos que faltam com a verdade.
Prefiro aceitar meus erros e, enfim (antes tarde do que nunca), mudar.
O fato de não ser mais revolucionário talvez tenha me ajudado.
Finalmente, cansei de tentar mudar o mundo. Mudarei antes a mim mesmo.

sábado, 17 de outubro de 2009

(...) sabiam, porém, que ninguém sabia.
Ninguém podia dizer realmente onde as coisas estavam.
Ninguém sabia nem onde estava. Já era tão tarde e o céu estava tão escuro que nada mais importava.
Até que: BOOM! Luz.
Puft, até cegou.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Nesse instante, com seu bumbum colado na cadeira, você não sabe o que há do outro lado da rua e também não sabe o que há no fim do universo.
Não há uma graduação para suas dúvidas.

domingo, 11 de outubro de 2009

É triste ver a felicidade partir e poder dizer apenas: Volta logo.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Triste

Superficialmente, a vida parece mesmo uma festa. Triste é que de perto, tudo é confuso demais. Me perguntaram por que eu sou assim, triste, mas não sei se realmente sou. Aquele velho homem que não sabia nem seu nome direito devia estar certo quando dizia: "Meu filho, tudo isso é uma grande bobagem. Viver, escrever, soletrar... tudo, mas tudo mesmo, meu filho, não passa de uma grande farça.". Quem o via, tinha medo. Ali na esquina, com sua grande barba branca, porém muito suja, e com um saco de lixo em suas costas. Tal qual uma versão atual de Papai Noel. Uma criança diria que o presente que ele tráz é pior do que o que o outro bom velhinho trazia. Eu já não acho. Sabedoria é essencial. Essencial tal como o ar que respiramos ou como o amor que devemos sentir.
Suspiramos forte, abaixamos nossas cabeças pra tentar não enxergar o mundo em que vivemos. Não sou triste mesmo. Pelo menos não como vocês. Ao contrário de vocês, prefiro contar sentimentos verdadeiros, do que viver de mentiras. Enganam a si mesmos, como se isso fosse viver.
O velho homem por fim dizia: "Chega a ser engraçado, meu filho. Enquanto todos passam por mim, com suas vidas medíocres, olhando com desprezo e até com nojo, eu me pego pensando: quem é o pobre homem desse mundo? Eu, que não tenho onde cair morto, ou eles que estão mortos e acham que estão vivendo?".

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mesmo do avesso continuo sendo eu.
De trás pra frente tudo é a mesma coisa.
Arara.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Tu, guri!

Tentei sair de mim. Acho que consegui.
Minha intenção era me ver. Ver como os outros me veem.
Apesar de achar que eu consegui, foi em vão. Não adianta.
O que eu penso sobre mim mesmo, mesmo de fora, não vale.
Alguém, no passado disse: "O homem é bom, a sociedade o corrompe.". Não lembro quem foi, mas é sábio.
Todos os julgamentos feitos sobre mim serão sempre mais válidos do que o que eu penso a respeito de mim mesmo. Pena que ninguém sabe realmente como sou. E tudo que disserem a meu respeito nunca estará certo. E mais triste ainda é pensar que, em sua maioria, os julgamentos são todos errados.
O importante é que, de um jeito ou de outro, isso não importa.
Nada importa.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Hoje

Tudo, enfim, pode mudar.
Objetivos, acontecimentos. Até o passado. Ou talvez não.
Mas a vida, essa sim pode continuar. Pelo menos continuar.
Viver nessa labuta.
As recompensas virão. Mas não viva esperando-as.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Quem

Oh, grandes males esses que me assolam.
Tristes dores e melancólicas. Sei que não basta entristecer-me.
Lutar seria portanto a saída?
Viver apenas e esperar. O tempo virá.
Se outrora tais palavras partiam de um eu-lírico um tanto quanto triste, hoje já não sei quem escreve.
Não importa realmente. Ou talvez importe e muito.
Parte de mim afundar em imensa agonia não impede que outra grite de alegria.
Ser não é uno... é divísivel. Tal como ainda é possível dividir o que chamamos de elementar.
Quem sou são vários.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Vazio.
Uma sala escura. Infinita.
Sem mãos para me agarrar, sem vozes para ouvir.
Só o silêncio. Frio.
Forças? Nenhuma.
É vida. Triste vida.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sereno

Ah, felicidade.
Até mesmo eu, pobre transuinte de vielas vejo brotar por entre pedras singelos feixes de felicidade.
Só me resta agora, como parte de natureza minha, tornar esse viés real e finalmente meu.
Destas tantas dores que me assolam, retiro o pouco de mel que resta, pois quero partir para esse mundo vago e de vácuos.
Ah, felicidade. Sentimento uno e só (mesmo que para muitos ele venha acompanhado).
E o sereno já cai sobre meus cabelos falhos e dessa cisma não largo. Felicidade agora, minha e somente minha. Transformar-te-ei, singelo feixe, em imensa alegria.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Donde?

É díficil escolher entre o sim e o não.
É difícil mesmo saber o que difere os dois.
Até que ponto o homem entende a si mesmo?
Não sei mesmo quem sou ou como vivo.
Não sei nada sobre o mundo... mas também, não desejo saber.
Julgar errado ou certo é só uma questão de ponto de vista.
Das minha idas e vindas, acertei pra uns e errei pra muitos. Mais difícil é saber quem acertou ou errou no meu julgamento.
Os rumos que devemos seguir simplesmente surgirão. Pra quê forçar a barra?
Enquanto o rumo não surge, vamos continuar vivendo. Esperando pelo caminho (nem certo, nem errado; só caminho) aparecer.

domingo, 28 de junho de 2009

Re-molde

De tudo o que produzirás, retire um grande parte e doe. Não se importe com lucros ou com as sobras. Se importe com o necessário.
Se encaixe em novos moldes e se transforme de dentro para fora.
Do seu suor tirará seu alimento e os grandes acharão que isso é pouco. Mas pra você, é o que basta. O que basta é tudo para você.
Sem rebarbas, viverá em paz.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Hello, World.
Cria-se, a cada instante, uma nova nota musical. Um novo acorde, um novo som. A música permanece tocando. Nunca irá parar.
Cada palavra que sai de nossa boca soa como um poema e se encaixa perfeitamente ao som que sai do mundo.
Sua voz pode sim ser música boa para qualquer ouvido, principalmente para o seu. Afinal, o mal não está naquilo que entra pela boca do homem e sim naquilo que sai dela.
Que somente belas palavras saiam de nossas bocas. Assim o mundo será melhor.