domingo, 17 de outubro de 2010

Papel de pão

De uma forma ou de outra, acabamos chegando ao fim.
Aí nos perguntamos se foi bom, se erramos e se o carteiro passou ou não.
Mas ele deverá entregar os papéis e as contas. Os débitos e as memórias.
Bate na porta ou toca a campainha esperando você abrir.
Resolve e o chama para o chá e lê com ele os papéis.
Ele ri, chora e se revolta.
E quando o chá termina, ele volta ao trabalho rotineiro.
Caminha por entre as ruas, de casa em casa, levando consigo as palavras que vem de longe.
Leva pra todos os cantos tudo aquilo que todos querem dizer.
Moço bom.
Mas as vezes cai a chuva e molha tudo aquilo que tinha pra ser dito.
O papel enruga e apaga a tinta.
Você cerra os olhos tentando ler as letras miúdas e borradas, mas já é tarde.
O que importa é que sabes que algo havia pra ser dito.
Alguém pensa em você.

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