quinta-feira, 31 de maio de 2012

Devagar

O meu dia amanheceu meio do avesso,
um bagunçado diferente
não tava acostumado
mas achei legal.
Na parede tinha um tanto de fotografia
com rostos que eu não conhecia
mas sentia que amava.

Pro café da manhã tinha torta de maçã
um suco pra revigorar
um comprimido pra dor parar.
Na cadeira ao lado tinha uma moça que dizia
que os dias que eu queria
estavam prestes a chegar.

E na doce esperança do futuro
me levantei e levei a vida leve.
Fui pro trabalho, peguei meu ônibus
ouvi o som dos pés cansados,
as vozes das mulheres tristes
reclamando do salário e de tudo mais que vissem.

Mas pra mim tinha mudado tudo
o diário escrevia grego,
eu entendia turco.
Vi que os lados que se opunham se juntaram para mim
que a vida que eu propus a ti começava
e que bons tempos haviam de vir.

Tudo bem achar que a vida é bagunçada e
que a hora tão esperada custará a chegar.
Mas é na manhã nublada, quando a fé já se foi de tão cansada,
que as coisas começam a se firmar.

O bom da vida tá no se deixar levar
se deixar viver
deixar rolar.
Uma hora ou outra,
tudo aquilo que é pra ser...
será.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

TRI-BO

Quem é esse moço, Xogum?
Que chega quase sem fé.
De noite caça tatu,
de dia planta café.
Dizem que chama Mussum,
eu digo que é Pelé.
Andando com zum, zum, zum.
Flertando a fia do Pajé
Tá chei de zói no bumbum
da prima do Zé Macalé.
Cuidado rapaz, vê se some.
Aqui não é lugar de mané.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dormi demais, pra variar

Soa engraçado o barulho do tempo.
Tento definir o tom,
não que seja lá meu dom,
mas vai que eu decifro o mistério além.
Tique-taqueando, sigo devagar.
Nada de correr,
ou me afobar.
Afogo-me nesse café com pão.
Amanheço pra fazer de toda essa canção
espaço pra eu me alegrar.
Todo dia ela passa pra me avisar
que o horário do ônibus mudou
e pede pra eu tomar cuidado pra não me atrasar.
Diz que o sereno dessa noite vai me resfriar
e que nesse tempo maluco,
é melhor eu me agasalhar.
No fim me pego rindo de todo esse blá blá blá.
Percebo que tempo é relógio que pode me resfriar.
E que de noite, quando sereno cai
O vidro embaça,
eu sento na praça
e vejo o tempo passar.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Dois pontos, uma reta.

Deixar de lado a dor
de frente ao espelho
olhar profundo dentro do ser
ser quem quer que seja
haja como deva
pense um pouco
mais.

Tem tempo pra sonhar
o agora passa e você perdeu
perdeu o nome
carteira
sobrenome
cabeceira
não dá mais pra deitar.

Me levanto, pois é o que há
há quem diga que não dá
corro
ando
pulo
só não vou voar
levaram asas.

Disforme mesmo
pois é assim que sou
e você também
ou não
me apaixonei
e me esqueci.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Calma com a alma

Admito que por dias eu pensei em me mudar.
Construir uma família no alto de um monte,
plantar o que comer,
regar para colher,
recomeçar.
Estive pensando em te chamar pra ir comigo.
Tive medo de ouvir um "não",
ou que talvez me desse um empurrão:
"- Cresça, menino! Tire os olhos do umbigo!".
Não sei muito sobre mudanças.
Sei que talvez eu mude mesmo sem você.
Já tá na hora de eu botar meu coração no alto.
Passou da hora de eu comer asfalto
E então correr.

Mas no fim das contas eu confesso em carta ou em mensagem na caixa postal:
"- 'Cê sabe que tô indo embora, volto qualquer hora e vou te procurar.
Só preciso mesmo dar um volta, ver se acho uma pessoa que consiga me curar.
Peço que espere um pouquinho, quando eu voltar te trago um vinho, você prepara o jantar.
Aí a gente conversa sobre a vida e, quem sabe, decide o dia que a gente vai casar.".