quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Adios, Esteban.

Acendo meu último cigarro. É uma promessa.
Sentado agora, fico a assistir a fumaça subir para os céus e se juntar as nuvens.
Acredito que ela não seja bem-vinda por lá.
Assim como não me sinto bem-vindo por aqui.
Minha visão está turva. Estou quase cego de dor.
Devia ter gritado mais. Devia ter segurado mais forte.
Sinto esse vento gélido passar por entre meus dedos e fazer brilhar a brasa de meu cigarro.
Dou meu último trago de esperança.
Crio histórias que, no final, penso ser verdade. Conto para meus netos e eles creem mais que eu.
Típico de mim.
Vi minha ascenção e queda separadas por segundos e por lágrimas.
Senti minha liberdade e me enjaulei, sem mesmo me preocupar.
Retiro, então, força sei lá de onde, e me levanto.
Está tão escuro que não enxergo meus pés tocando o chão úmido.
Dou alguns poucos passos. Era só o que restava. Tudo que podia dar.
Arremesso meu coração contra a parece. Dói.
Confesso que não sei amar. Confesso destruir tudo. Peço perdão, não sei a quem.
Não sou digno de resgate. Não honrei minha palavra.
Fiz por merecer.
Típico de mim.
Já que estou perto do fim, deixo algo para que não se esqueçam de mim.
Poucas palavras.
Cá estão: "Não sou homem mau nem bom. Nem velho, nem novo. Sou dúvida para mim mesmo. Desconhecido para todos. Deixo, desolado, ao meu lado, meu pobre coração. Qualquer porco é digno dele. Pois então, faço meu último pedido: tome-o para ti, ainda que sem servidão. É só o que peço".

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