quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Amor interior.

Olha o céu que cor que tá, Maria
Parece com aquela água suja que fica na bacia
Fala pro Tião que eu não vou mais capinar
Essa chuva que tá vindo pode até é me matar
E 'cê sabe que o véio tem um medo que não cabe
Quando cai aqueles raio e destrói nossa cidade
Lembra, véia, aquele dia que o vento veio forte
Eu disse pro 'cê o quanto tenho medo da morte.
Que bão que cê me abraço, dizendo que ia passar
Se não fosse pur causa do 'cê, logo logo eu ia chorar.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Biscoigumelos

Tá rolando um som estranho aqui por dentro
Um barulho que de noite impede que eu fique sonolento.
Fico então a conversar com o poeta
Dizendo que minha meta é criar meu universo.
Ele ri e a gente chora, coisa de gente grande
Eu imploro pra que fique meia hora, coisa pouca, fico triste quando vai embora.
É amigo de poucas horas, pois esse vai e vem o cansa muito
Diz que dorme por semanas e, enquanto isso, me contento com o silêncio mudo.
Quando amanhece, coço os olhos e reflito sobre o tempo
O velho homem que me deu alguns conselhos se esqueceu que envelheço, mas não cresço.
Que em minha face crescem pelos, nascem rugas... que desespero.
E o meu lamento se traduz nessas poucas palavras
Digo que sou forte, mas vejo que o que me falta é raça.
Tô querendo um pedaço do céu, o amor de Rapunzel e um pote de geléia
Sentado nessa rede, conversando com a parede é difícil que isso chegue.
É nessas horas que penso em me mudar
Pra um lugar qualquer, pacacidade, me casar com essa mulher
Ter um filho, um lar, quatro garfos e uma colher
Um pássaro pra chamar de Zé, uns poucos pés de café
E o resto, seja o que Deus quiser.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Vorta, mula!

Houve uma grande discussão e um barulho ensurdecedor.
Durante o dia andamos um pouco, tranquilamente, para ver o que sobrou.
Era verão e o tempo tinha tudo para sorrir
Enquanto a onda invadiu e a gente ficou sentado, à beira do abismo, olhando o sol de pôr.
Tive medo de que tudo mudasse.
Tive aquela dor que você disse que viria.
Fiz meus planos e tudo mais que tinha para arrumar...
Dos quilômetros que voei, alguns muitos foram tirados para pensar.
Quanta coisa há por aqui, quanta coisa há pra mudar.
Eu só queria um novo dia, mais um pouco de amigos, uma vaga do seu lado.
Um supapo na orelha, quatro colheres de chá.

Olha só onde eu vim parar... do lado de alguns que nunca vi e outros que já vi mudar.
E quando eu tive medo e vi o tempo parar, alguém me cutucou e disse que logo logo iria melhorar.

Tô aqui fazendo escolha,
Dando nome as coisas,
Descobrindo um mundo,
Olhando o lado que nunca vi.

Quem sabe tudo se firme
e eu, então, fique pra cá.
Filosofando sobre o nada
Comendo meu vatapá.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Catapult (Ou a memória do Macaco)

Ficou evidente que escolhemos a caixa errada
e que dentro dela saiu o veneno que te deixou assim
Enquanto a gente esperava a batida dos sinos do além
algo tomou conta do ar deixando-o mais frio do que podíamos suportar.

E nesse estalar de dedos, vimos cair a cortina e o cemitério de almas gritou com força:
- Um dia após o triunfo é tão vazio quanto o dia após uma tragédia.

Você então fez as escolhas que cabiam a você
E me deixou um pouco mais de lado a cada passo.
Te vi saindo sem dizer adeus.

"Estamos ainda no mesmo barco", era o que eu pensava
e esse oceano de mágoas fará com que nada nos separe
E toda aquela história que nos fez duvidar
afunda agora com o medo que temos de acabar.

O erro que se escondia atrás de sua orelha ou na manga de seu casaco se fez presente e mostrou que a ida era algo ainda pendente e no fundo desse mar você repousa só.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cadeado mestre

Me diz o que é que eu faço pra arrumar
Choveu dentro de casa, molhou tudo
Tô com preguiça de enxugar.
Foi pro brejo minha festa, alegria
Chá de boldo, meu sofá
Sorte minha que um dia acabo com essa agonia
Compro um jato pr'eu voar.

Cadê eu que eu fui embora e não deu tempo d'eu chamar?
Tanto barulho desnecessário ensurdeceu o meu diário que parou de copiar.
Vou comprar um gravador
Aquele mesmo, fajuto, ali do camelô
Esse lápis já cansô e não quer mais divagar.
Preciso mesmo é te esquecer antes que me lembres de lembrar.

Volta e meia eu volto aqui e vejo se você está
Se não tiver eu deixo um beijo,
Continuo meio passeio
Sem delongas...
Preciso me encontrar.

domingo, 9 de outubro de 2011

Me canso logo de manhã

Venho por meio dessas palavras informar que me esqueci.
Me esqueci do que precisava e fazia.
Me esqueci de quem era e como ia.
Me esqueci dos problemas e das vitórias.
Hoje é uma grande guerra o que já foi um dia de glória.
Estou um pouco atordoado, confesso.
Mas levo meio de lado, um pouco atrasado, me concentro e apresso.
Chamo o seu nome você se recusa a olhar
Dói um pouco a cada dia, mas é dor que preciso passar.
Fingindo força e aparentando estar firme, continuo
Quase caindo, andando em corda bamba ou em cima de um muro.
Mas é de falsidade que me iludo
Se houver outra saída, peço que me digas
Até queria procurar, mas prefiro evitar a fadiga.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Quem me vê sorrindo

Você vai ver cair
Num deslize teu, numa falha minha
Irá por água baixo essa companhia
Vai ver findar o nosso amor

Oh, e agora choro de vontade
De ver de novo os olhos que já vi
Mas essa mania de andar te levou longe
Daqui não te vejo mais

E pra fugir dessa saudade
Vendi o que tinha e comprei passagem
Pra quem sabe te encontrar

Distante vou, meio sem rumo
Só esperando que o futuro
Venha em breve me alegrar

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vida às secas.

Era o momento para abrir os olhos
Tentei te enquadrar, você não deixou
Vi o desfoque, era um soco no peito
Você partia e eu sentia não haver mais jeito.
Quem me dera ter os laços que tinha antes
Quem me dera que houvesse mãos amigas pra me aguardar
Agora que sou só eu, fico a perguntar:
Até que ponto vou? (Se é que vou parar)

Como um arremesso certeiro derrubei os pinos e parti pro abraço
Levando só alguns amigos, poucos convidados
Pouco comida, muita bebida
A busca pelo esquecimento, felicidade clandestina.

E no meu rádio tocava já um rock and roll falando da menina que um dia ele amou.
Pobre coração partido, doía feito ralado no asfalto...
Me segurei firme e respirei, como falava a canção.
Olhei ao redor e tudo estava mudado.
Era tudo que tinha, então deixei estar.
O sol batia no vidro mançhado, me cegando.
Cerrei os olhos, senti o vento e fui-me embora...
Já passava das seis.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O tempo passa feito vento (O retorno)

Num segundo, parece que tudo passou diante de nossos olhos.
O tempo passou feito vento, mais uma vez.
Não sei ao certo que fizemos e nem julgo nenhum ato feito nem desfeito, muito pelo contrário.
Enfim...
A gente volta agora a um ponto antigo, vestindo novos panos, discutindo os mesmos discos.
Sentindo ainda mais, esperando um tanto mais... sendo feliz com só um pouquinho.
É, tempo...
Você e suas armadilhar. Tramas e desconfianças.
Mas na sagacidade de meu ser, desviei o olhar e mais uma vez pude ver você.
De longe, sem saber o que fazer fiz mais uma vez um plano pra não enlouquecer.
Quem sabe um dia eu volte aí...
Como já fiz e sinto que mais uma vez terei que fazer.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Te fiz um rock, Melissa

Eu te disse: Arrume tudo, baby! É hora de partir.
Os últimos cigarros, o vento no rosto e a esperança de que tudo ficaria bem.
Tocavam canções antigas que nos lembravam os dias de verão.
Bons tempos.
Mas passou.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Chave mestra

Queria uma nova chance pra fazer o oposto
Um resultado de um acúmulo substancial de medo
O dia que as coisas se fizeram
E as metades juntaram mãos.

Tudo bem, era triste te ver assim
E queria que tudo fosse o que não podia ser
E mesmo com uma boa quantia de medo
Via se fazer tão lindo e perfeito.

Olha lá... um dia, talvez, a gente volte a crer
Quero dizer... umas palavras que talvez se mudem para cá
É que minha morada é vazia sem você
E já me cansei de todas as histórias que tinha pra contar.

Mas sempre que te vejo assim
Perto do coração, tão longe de mim
Eu fico triste e deixo pra lá tudo que importava
A noite caia, doía, chorava.

Meti os pés pelas mãos uma porção de vezes
Fazendo laços com espíritos do mal.
Vendendo almas num anúncio de jornal
Querendo mais uma vez que você me visse.

O que vi foi que não dava certo
Como um trem que passa e a gente não vê
Como um menino que se esqueceu da tv
E agora só sabe cantar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Black Treacle

Resolvi testar para saber se você ainda via com os mesmos olhos. E como um médico para malucos que segura fichas onde tudo se parece exatamente com nada, você me dizia com calma: faça o que tiver que fazer.
Era mesmo um dia onde nada parecia se encaixar e nossos olhares se desviavam mais do que o de costume. Engraçado, mas doía.
Segurávamos em nossas mãos todas as verdades, mas éramos fracos demais para deixar transparecer. Tentamos encontrar a solução e gastamos nosso último fôlego em uma batalha que, mais uma vez, não levou a nada.
Nessa estrada sentado nesse carro fajuto me vejo no mesmo jogo que outrora estive.
Está escurecendo e não temos muito mais o que dizer.
Vejo que o futuro não se fez presente e que só há o passado agora.



Adiantaria eu tentar te ajudar? Me diga o que fazer.
Estou pensando sobre tudo que me disse e como isso criou buracos em minha mente.
Mas mais uma vez as coisas parecem turvas.
Nenhuma melodia me fará dizer o contrário.


Enfim sós, era o que pensamos.
O que percebo é que a distância aumenta conforme a música ganha formas.
E por fim, digo que era pra ser conforme foi e só assim seria.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

E ponto final.

A gente descrevia como erro
E bastava um pequeno gesto e tudo se movia.
Um retrato mal falado de um mistério ausente
Metais alcalinos repletos de energia.
Impunemente, me larguei às cinzas
Quando o tempo se guardava para mim
Não tive a sorte que outrora me daria
Continuava a perguntar, ainda assim.

Veja bem, tem quem diga que o amor é para poucos
Para mim, eu sei que não será
Até mesmo quem achava bobo começava a, enfim, acreditar.

O que eu tinha não bastava e você dizia sem parar:
É só uma fase, vai passar. Cabe a você acreditar.
Eu levantei, não havia muito
Sobrou história, faltou assunto...

O que cabe a nós é apenas acreditar
Só é realmente fim quando acabar.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Do lado avesso

Veja só você
Tem tempo de sobra, e ainda assim se esquece de viver
Pela janela olhando o mundo se mover

Tinha a metade de um amor
Acabou perdendo a outra que doou
Decidiu pensar que o destino apenas se revoltou

O que quero dizer é claro e simples:
Se contentar com o que tens é tarefa árdua
Um belo jardim ao lado e o seu cheio de mágoas
Me pede ajuda e eu digo sim

Eu temo que essa história terá fim
Num breve lampejo de memórias que eu não vivi
Pondo por água abaixo os planos que construi
Ao lado de alguém que nunca pode ser quem queria.

Deixo então ao acaso
Não por descaso, mas por necessidade
É doloroso viver de meias verdades
Quando se quer inteiramente para si.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sabiá banguela

O tempo devia passar um pouco mais rápido logo após as 4:20. E enquanto a gente vai virando porcos radioativos, o som do teclado vai ecoando e os ruídos começam a aumentar seu fluxo.

A gente só queria um tempo pra dizer aos homens que há muito mais entre o céu e a terra. Tome por exemplo, alguém que você conheça. Pois então... ele não é desse mundo.

Assim como eu ou você estamos ligados às tomadas do mundo, tentando carregar nossas baterias para o próximo round vital.

Tá todo mundo sentado, pensando em quem seguir. É que há muitos caminhos, religiões, filósofos e aqueles psicopatas do universo.

É muita grana que rola nesses experimentos e acaba que a gente não consegue desintoxicar nossa alma.

Pés de cabra, fotos 3x4 e um violão de sete cordas sem a sétima. Componentes do dia a dia que, no final, não importam.


Que a Força esteja com você.


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Tá frio, leva um casaco

Eu me pergunto até onde vou
Se já não guio passos, apenas sou
É que de manhã as vezes falta quem abraçar
E lá pelas tantas já nem tento levantar

Era bonito o dia, mas não podia ver
Tava fechando os olhinhos, meu dia-a-dia era descrer
Contaram-me uma história, juro não querer ouvir
Insistiram nas memórias até tudo se partir

Ahhhhhh... que pena que o gosto amargo já passou. A gente viu, não se virou. Esperávamos um pouco mais.
Ahhhhhh... a alegria que restou, pegamos tudo, você guardou... quem sabe um dia eu volte atrás.

Mas é assim, sempre foi, nunca será
E se duvida, espere um pouco...
Logo logo mudará.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Eu ficaria um pouco mais

Tenha calma. Estou tentando me ajustar.
Mudar demais é desacreditar.
É temer o futuro, pensar em acabar.
É lutar contra si mesmo, não se deixar levar.
Veja por outro lado, há espaço pra sonhar.
A gente mesmo se esquece e acaba por errar.
Mas isso tudo acontece, é um jogo de azar.
E mesmo aquele que não perde, pode um dia desabar.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O tempo passa feito vento

Sentou-se calmamente, olhando a chuva
Os tons de cinza agravando a sua angústia
Pálido, feito criança que não come
Frágil, feito coração que nunca dorme
São histórias do seu próprio esquecimento
O desapego travestido num lamento
Pedaços de uma canção, alguns acordes
A ausência de paz, à beira da morte

Sempre alerta, dizia o ditado
Esqueceu-se de lembrar, pobre coitado
Guardou o sol dentro do armário
Viu secar completamente a água do aquário
Trocou conversa com um velho carinhoso
Lembrou de seu avô, velhinho bondoso
Derramou umas poucas lágrimas, nada de mais
Sentou-se mais uma vez, a chuva já não caia mais.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Mais um caderno.

Tá aí!
Dei mais um tiro no escuro e vi a janela se quebrar. Oh, céus.
Eu mal sabia que o frio viria dessa forma e me pegaria tão alheio a tudo.
Confesso que agi por impulso, mas minhas intenções eram as melhores.
Tô em silêncio, conversando com minhas dúvidas, batendo minha cabeça na parede suja.
Esse calendário dentro de mim saiu do lugar e fica difícil controlar os dias e as horas.

O tempo passou.

A felicidade se encontrava oculta atrás de tanta dor. Eu pensava ter chegado no limite e que dali pra frente, tudo ruiria.
A gente costuma se preocupar demais com aquilo que devia ficar para trás. E enquanto gastamos nosso tempo na doce ilusão das discuções, vemos ofuscar o brilho que iluminava a trilha estreita pela qual caminhávamos.

A gente assustou.

De repente, o mundo virou do avesso. O relógio rodou ao contrário. Os pássaros se esqueceram de cantar.
Olhamos para nossos rostos em frente ao espelho e não nos reconhecíamos mais.
Vi minha barba crescer, a lua sumir, o vinho secar. Vi você partir.

O dia raiou.

Já que era fim,
nada pra mim,
decorreu-se assim:
Você falou.
Eu ouvi.
Eu falei.
Você ouviu.
Você sorriu.
Eu sorri.

Um novo começo pra um final feliz.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Grr grr.

Olha, eu não tenho tido muito tempo
Ando no esquecimento
Ando pra lá e pra cá, menos aqui.

Eu senti saudades de tudo que vivi
Queria eu estar
Só sendo acabo por não viver.

Falta uma coisa pequena
Ou talvez que nem exista
Um afago seu.

Eu só quero que você se lembre de mim,
ainda que de longe.
Caminho no esquecimento.

O nosso silência já não é tão inocente
É melhor falar um pouco,
Antes que venham nos buscar.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Meu velho coração (i)móvel.

Pode ir... pode encerrar.
Minha barriga está cheia
e meus olhos também.

Minha meta é me tornar um bom.
Homem que sacrifica
Luz que ilumina.

Pena que eu não vou para lá agora...
Não... não agora.
Só depois que você se abrir.

Sem guia, minhas linhas ficam.
Tortas de maçã que você fazia.
Mentiras que ficariam para trás (se não fosse minha memória).

Transporte para mim o fogo.
Troque a cor do céu
Faça o que for preciso, mas garanta um sorriso que for.

Agora, adeus...
Refaço os meus planos...
É hora de partir.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Na parede da cozinha.

Há entre esses universos uma quantidade absurda de dúvidas e o nosso desapego se torna abrigo para os solitátios.
Estamos diante da revolta e toda essa bagunça é só o retrato falado de nossas almas.
Estou exatamente entre o céu e o lugar onde guardam as respostas.


Os meus diálogos ficarão do lado de fora e aquilo que desejas ficará esquecido por alguns segundos.
Existe o equilíbrio, mas eu me recuso a aceitar.

Pra mim, esse caos é muito mais bonito.

A partir disso, podemos, enfim, concluir:
Os pontos em comum não passam de detalhes. O nosso futuro se concentra no erro e na merda.

sábado, 14 de maio de 2011

Páginas? Há mais.

É só um adendo entre todas essas nossas conversas fiadas: é infinito sim, mas é humano.
Havia uma palmeira no alto de um grande morro e eu ordenei que esse meu criado fosse caminhando até lá. Era evidente, porém, que ele não aguentaria. Ainda assim, sentei em minha cadeira de balanço e fiquei a esperar.
Enquanto os passos eram trocados por gotas de suor, eu ia pensando sobre os mistérios que haviam entre nós dois.
Roteiros rasgados, diálagos censurados.

Aumenta o tempo de abertura da lente, deixa a sensibilidade comer solta pra ver se nesse curto período de tempo onde a luz consegue iluminar as entrelinhas, a gente consiga junto com ela dizer os motivos dessa jornada...
Eu tô do lado oposto, sentado entre cães e gatos que não querem saber muito sobre o futuro.

Mas ainda que fosse dono de mim e que controlasse todo esse fluxo inconstante, não mudaria um letra sequer.



Afinal de contas... é só uma história.
A de nossas vidas, mas é só uma história.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Meio tom abaixo.

Peço que espere mais um pouco enquanto eu deixo um aviso a quem quer que passe. Quero deixar claro que essa escuridão toda é só uma fase pela qual todos nós, um dia ou outro, acabamos passando. A gente não tem mais tempo para descanso... o tempo não se cansa.
O piscar de olhos se torna mais raro e enquanto os homens discutem sobre o mundo, a gente só quer provar para nós mesmos que a nossa verdade é a que realmente vale.
A nossa dança está prestes a alcançar seu ponto mais alto e temos que unir nossas mãos com toda força do mundo para que não nos separemos em meio a esse universo de possibilidades.
Não espero tirar muito proveito do pouco que sei, mas acredito que ele garantirá os nossos próximos passos. E nesses giros todos em torno de nossa ideologia, eu perdi as rédeas e acabei topando com a tranquilidade.
É hora de abrir nossas janelas e deixar a vida circular. É tempo para repensar no melhor para nós dois. Ouvir as músicas de ontem, os acordes de hoje e as letras que escreveremos.
Então o meu relógio tocou logo pela manhã e eu abri meus olhos cansados. Sorri, eu admito.
Esse mundo de sonho me deixa meio grogue.
Me empresta esse violão aí que eu canto o nosso amor.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Meu relógio marca 04:20.

Ainda não é o final. Ainda não é o último instante. Ainda não é.
E como aquele blues que costumávamos ouvir dizia, tudo ficará bem.
A gente só tem que tomar o caminho certo, a estrada correta e seguir em frente.
Ir a pé até o outro lado da moeda. Conhecer a morada dos nossos antepassados.
Meu nome não importa, seu nome também não. Nossos registros foram apagados e o que há de melhor está por vir.
Eu ouvi muitas histórias sobre tudo aquilo que estava reservado para nós e agora que sinto tudo isso se concretizar, minhas pernas tremem.
Bem... minha fraqueza é algo tão pequeno comparado a força de seu abraço.
Todas as estradas levam para o oeste. Todas elas.
Pois então venha e deixe os outros vivendo suas mentiras.
O tempo é só nosso.

sábado, 16 de abril de 2011

Iro, ilo, igo.

Te contarei, mas contarei em sigilo.
Cochichando bombas de hidrogênio em seu ouvido.
Fazendo do desapego meu melhor amigo.
Refazendo planos, escrevendo histórias, criando motivos.

Tem horas que me escondo em meu umbigo
O mundo é fácil quando se tem abrigo.
Eu pego o meu telefone e ligo
Esperando que me traga sorriso.

Sobre o meu amor, te digo:
Acho que é infinito.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nosso táxi da morte.

Fomos pegos de surpresa, meu amor. A gente não esperava ter que tomar tantas decisões. Sei que agora pensaremos que deixamos muita coisa de lado, mas vamos acabar percebendo que era assim mesmo que devia ter sido.
Leve com você, agora, os planos para nosso futuro. Estou perdido demais para carregá-los. Sei que você fará o melhor.
Está frio e eu sei que seu abraço fará muita falta durante essa noite, mas é o preço a se pagar.
Já não temos mais a luz do sol para nos guiar, e os ponteiros do relógio correm mais rápido do que podemos acompanhar.
E quando eu era novo todo esse céu enorme só sabia me assustar. Com você perdi meu medo e ao mesmo tempo me achei em meio as dúvidas.
Enquanto eu voltava para casa, ouvia em minha mente a canção que havia cantado para me acalmar. Trocando os passos com calma, eu parecia não querer ouví-la parar de tocar nunca. Minha mente se encarregou.
Eu sei que pensa que são só palavras e que, no final, tudo isso será apagado, assim como nossas pegadas na areia. Eu sei que a fragilidade de minha voz não levará para você as certezas do universo.
Bem... eu serei apenas mais um turista, observando os seus passos, na espera do futuro.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Hey, Mr. Tambourine.

Eu vim lhe pedir para que ficasse aqui comigo, a ver o mar. Sentindo a areia fria por entre nossos dedos, o sol cegando lentamente nossos olhos e a brisa nos aproximando cada vez mais.
Eu pude sentir seu cheiro de longe, fitei seus olhos e tudo que vi foi minha paz. Talvez fosse tarde demais para dizer tudo aquilo que ficou para tráz... tavez agora nossas mãos caminhariam juntas sob o céu já cinza. É difícil afirmar, mas quem sabe.
E com o barulho das cigarras e o som dos carros lá embaixo, sentamos ao pé da escada do céu, contemplando nossos próprios erros e acertos. É assim o caminho, sempre foi e sempre será.
Dar o dolorido passo da descoberta e o grande salto da dúvida. Encontrar-se pelo menos uma vez em um estado absoluto de insanidade.
Como seria se sentir assim? Como você se sentiria? Buscaria as mãos de quem para se apoiar?
É pau, é pedra mas ainda não é fim do caminho. Conhecendo a mim mesmo, é só o princípio de algo sem fim.

terça-feira, 22 de março de 2011

Faster, faster.

Só não me escute. Tenho muitas teorias.
São sapatos voadores, listas de remédios.
É que não faço parte da mesma forma como você faz.
Estou mais pra um figurante que anda entre o casal.
Mais pra um vilão que só aparecerá na cena final para matar o mocinho.
E nesse louco teatro onde encenar não é opcional, eu digo em alto e bom som: O show tem que continuar.
Ainda que me cortem a fala e que a censura coma solta.
Me calar não vai me impedir de sentir.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Par de Áses

Meu relógio se atrasou. Perdi minha carona, documentos, memória, futuro, miojos e o todo aquele resto que tem alguma importância. Já não sei se são horas, dias, minutos ou se é só silêncio.
Essa paisagem que corre diante de meus olhos se parece mais com os quadros que pendurou em mim. Se parecem com os retratos-falados de meus antepassados. Se parecem com ninguém.
Estranho é que nem mesmo as escrituras que havia deixado são capazes de trocar em miúdos essa longa sequência de desventuras pelas quais venho passando. No final das contas, acaba sendo mesmo um história em quadrinhos onde os balões ficam sempre em branco.
Não tenho nenhum retrato, nenhum relato, nenhum fiapo de manga. Acabou o sono, os sonhos e até mesmo a esperança.
Sorte que veio você...
Ah... sorte.

Mecânica dos Sólidos

Outro dia eu te encontrei.
Fui obrigado a dizer todas aquelas coisas que deixamos para trás
e sei que assim a verei crer.

É uma contrução, um canteiro de obras
essa lambança dentro do meu peito.
Milhões de trilhas sonoras sem nenhum ouvinte.

Essa tragetória que percorremos de mãos atadas tenta retratar algo inenarrável
sobre ausência e nossas desavenças.

Os monstros do meu armário você matou
e aniquilou o medo do passado.
Fez-se sol nesse céu assim que abri os olhos.

São milhares de palavras soltas, perdidas no papel
e eu só tento mostrar ao tempo que meu dia há de vir.
Sentado, alheio, longe... eu espero.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Tóxico

A gente se firma ao chão, cria raízes.
Prefiro assim, é mais tranquilo.
Esperar o moço lá de cima
E comprar entradas para o novo início.

É o surgimento de uma era
Uma revolução industrial.
Duas faces da mesma moeda
Uma batalha medieval.

Empunhá-las-ei
As armas dos novos dias.
São palavras agora com rítmo
Pra acompanhar nossa melodia.

Deixa então eles voarem para onde você não possa mais ver.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Maravilhas da Warner.

Estava andando loucamente, freneticamente e praticamente, me vi sem saber pra onde ir. Esses dias de luta têm me tornado um forte canditado à presidência do Clube Nacional dos Mortos Vivos (CNMV).
É que, sabe... tem dias que nem mesmo nós sabemos o que fazer. E esses dias tem vindo a rodo.
Traçar rotas pro futuro fica praticamente inviável quando não se tem um presente para viver.
Aí você atualiza a página, digita umas poucas palavras no bloco de notas, joga uma partida de campo minado e continua nessa lenga lenga que nunca acaba.
Você troca de música, troca de roupa, troca de bebida e continua sendo aquele mesmo que começou a escrever esses devaneios.
Alguém te liga e te tira o ar, alguém desliga e você fica a esperar. Você abre as páginas de um novo livro e o engole. No final, nem lembra o que leu.
Falo dessa vida que levo. Desses fardos que carrego e dessa ausência de adrenalina.
Já não tem o torcedor, a caixa d'água é maior rolê e só se encontra pra cima de 50. Você, sem um tustão furado, querendo somente atravessar o riozinho e sentar em meio a mata para ver o vento passar, se sente preso porque faltam saídas.
A solução pro nosso povo eu vou dar: Fim da linha.
Resta a nós ir até o bar no Negão e comprar um carretel do vermelho e, com um nó de escoteiro daqueles bem feitinho, fazer aquele remendo para tentar dar continuidade a essa história.
Isso é tudo, pessoal.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Vou tentar.

Um bom dia não seria uma má escolha. Olhando para trás, acaba sendo algo realmente ausente. As janelas fechadas escondem o horizonte, ocultam as palavras. Eu me vejo andando em círculos em torno de algo que nem mesmo eu conheço. Nesse diário um tanto desorganizado, guardo periódicos, bulas e instruções que nunca usarei. Acordo logo bêbado tentando transformar esse dois em um. E um dois pra um tenta ampliar o fluxo.
Fato é que mesmo com os outros olhos abertos ou não, me prendo à colunas do passado. Me ato à desilusões e acabo me tornando escravo de mim mesmo.
Eu sei que durante muito tempo andei errado. Meus passos tortos desviaram e esse meu olhar turvo me fez ver algo que, no fundo, nem existia. É exatamente aí que vejo que esse tempo, na verdade, não passou. Me encontro mesmo perdido entre pensamentos e cartas que traçam um futuro que jamais existirá.
Deixo de lado as entrelinhas, e nessas poucas linhas boto para fora o pouco de lucidez que ainda resta.
Temo que há pouco reservado para mim nesse futuro cinza, mas quem sou eu para discutir? O que está guardado será a resposta de atos passados, conclusões tomadas e algum pouco de Ritalina. Fechar os olhos e deixar que o vento corte o tempo é uma saída que busco há um bom bocado de tempo.
Talvez nem mesmo o futuro esteja consciente de meu futuro. Talvez nem mesmo meu passado considere o que foi feito. Talvez tudo que tenha sido seja esquecido. E tudo que virá será roubado de um outro alguém.
Talvez o talvez se engane. Talvez eu me engane. Talvez...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Na varanda,

Olha-se de cima desse lugar que sento. A gente vê o mundo e é como se o tempo passasse em outro ritmo. Os olhos veem cores a mais e em certos momentos, acabamos esquecendo de viver.
Os meus dias tem sido pela metade, assim como sou. É um novo lugar, mas o que sinto falta são das velhas sensações. A gente se acostuma com o passado e esse futuro traçado é tão vazio que nos sentimos sós.
Estou mesmo só. Sem água, comida e roupa lavada.
Ouvindo as vozes de longe, o barulho da louça lavada e o som desse avião. É tudo que não queria e mais um pouco. Sei lá.
Talvez seja somente esse medo da mudança, essa eterna esperança e o despertar de novas dores. Ou talvez não. Ou talvez sim.
Fato é que ninguém fará por mim. Ninguém espera de mim, nem mesmo eu.
Bem... daqui de cima as coisas são diferentes. Talvez seja eu quem veja errado.