Anda pelo gramado verde,
farto de tristeza que ainda cresce.
Doces eram dias passados,
fortes trovadas,
suado, ensanguentado,
no limite de tudo que esperava.
Na capela, onde a oração ecoa,
doente pelo fardo que carrega,
implora para que tudo vá embora.
Confessa que a metade de sua vida
passou rápido, doentia,
e que deseja ofuscar sua memória.
Aponta o polegar pro vento,
espera que as rodas que agora correm
freiem para o seu penar.
Engole a saliva dura, dá um trago,
ajeita a postura,
começa logo a contar:
"Venho caminhando por essa estrada a passos largos,
tentando enfrentar alguns demônios,
apagar o meu passado para enfim me libertar.
Digo que a tristeza da conduta infame me lembra que por mais que eu ame,
não poderei nunca a conquistar"
Ao bater no balcão pedindo doses de melancolia,
insistindo para se focar na noite,
esquecer o dia,
engole a seco os socos que a vida lhe dá.
E ao gastar seus últimos dólares para ouvir uma canção,
arrebenta a corrente dos pulsos,
se livra da estrofe e refrão,
levanta e volta a caminhar.
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