sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Lembrete

Como se fosse domingo,
ela contemplou o sol e abriu o seu sorriso.
Pensava haver no mundo
um lugar escuro, tão profundo,
onde pudesse depositar o mal que lhe assolou.
Um brinde aos novos tempos,
quando os homens tocam tambores
aos deuses da guerra, fogo, vento,
pedindo paz para onde seus pés ela ficou.

Todo dia quando olho para o céu
lembro de você
e ouço o seu cantar.
A saudade é dor que sinto com urgência,
perco horas, paciência,
esperando ela passar.
Juro-te que faço malas sem sequer saber pra onde vou.
Diziam no passado que viajar liberta a alma
e sem sequer pensar,
viajo sem sair do lugar que estou.
Os raios que incidem agora em meus olhos
e o molhado que brota ao seu redor,
recorda que a beleza de viver está no dias,
no andar correndo, no tempo em que ainda chovia.
História que nenhum homem mudou.

Voltando ao imbróglio rotineiro,
sento-me na cadeira mais uma vez.
É dia de ressaca brava,
torturante lembrança de mais uma madrugada
onde me afoguei sem nem mesmo nadar.
Os goles do passado
soam agora em minha testa,
vibram feito sino em dia festa,
não me deixam pensar.

Agora passa o tempo
enquanto passo em casa
pego o casaco,
"Vai esfriar!".
Eu realmente espero que esse dia acabe logo
que minha função não seja tanta,
estou cansado de viver a esse modo,
quero minha casa e um sofá para deitar.

E quando, finalmente, amanhecer
e o tal dia do fim for esquecido,
vou me levantar com o vigor de antigamente,
daquele época onde eu era menino,
e vou correr pra casa...

Penso eu, agora, que não devia ter bebido.
Essa ressaca está realmente brava.

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