quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A esperança dança na corda bamba de sombrinha

Troquei as cadeiras e os móveis de lugar.
Tenho pouca fé pra repousar
e por isso dormir se tornou luxo.
Quando se perde a fé,
compra-se mais café para se passar.
O dia entende que ele se estende pra nunca mais acabar.
Minha metáfora categórica é mesmo assim:
um pouco estranha pra quem me conhece,
mais ainda pra quem nunca me viu.
Eu sei que meu palavreado é baixo
e que nunca te levarei ao céu...
Mas quando sento do teu lado,
sinto de perto o teu belo agrado,
paro e reparo que é você.

Voltando ao ritual caseiro,
digo que os números se apagaram do controle...
Transita o canal sem nem tocar o botão
e o comercial de sabão em pó me faz chorar.
Moram comigo o cachorro e uns poucos bons amigos,
mas que só vejo na hora do jantar.
Quando pisco os olhos, ou tento pestanejar,
me vejo estático na estante,
feito livro velho de folha amarelada,
pronto pra rinite atacar.

Sinto que pareço triste
quando digo que eu sou...
Mas a lembrança do passado humilde,
onde eu entoava cantos,
ria da Dona Clotilde,
passou.

E na vida que eu vivo tudo passa,
dia após dia.
Passa o tempo que eu não vejo alegria,
passa o tempo que eu quero só pensar.
Me recordo que tristeza é passageira,
vida é breve,
saudade é traiçoeira
e eu ainda ainda voltarei a cantar.

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