domingo, 24 de outubro de 2010

17 alqueires.

O meu universo é um espaço especial.
Não tem lados e também não é uma circunferência e quando eu falo de amor, pássaros cantam.
Bom... essa história que escrevo é mesmo a ilusão suprema do surrealismo pós modernista.
E essas palavras sem sentido algum são apenas o reflexo do meu desapego.
Sou mesmo um dadaista que não sabe muito sobre o neo-liberalismo.
Ou quem sabe, alguém que somente não saiba nada.
Sei bem, porém, do meu amor.
Na verdade, não lembro muito, pois dele me desfiz faz um bocado de tempo.
E agora, sou apenas esse andante errante perante um sonho que é meu, mas que não pode ser.
É, morena... tá tudo bem. Sereno é quem tem a paz de estar em paz com Deus.
E eu daqui e de acolá me escondo no meu sofá pra esperar você pra poder voltar a sonhar. Ou viver.
E sim... quero mesmo o teu beijo e teu melhor sorriso, pois são esses que me dão aquele gás que enche os balões que as crianças comprar e pensam que durarão pra sempre.
E, aham... espero por você junto de mim, pois sem ti, não sou. E continuo sem ser até que aquele final feliz que espero se torne o meu presente.
As coisas são assim: dá-se amor, ganha-se céu e se espera pelo futuro. Junto de ti, é claro.
Eu continuo aqui, semeando aquilo que espero ser meu. E colhendo os ares de um amor que vivo. E olhando para os lados, vendo todos colherem seus mais vivos sonhos.
Mas enfim... sou assim e ponto final.
E vou continuar aqui, do lado de cá, onde há esperança e um pouco de paz.
Vou continuar aqui mesmo.
Onde espero calmamente por você.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Água demais mata a planta.

É fácil pra mim descrever as minhas dores.
Minhas alegrias eu guardo para mim. Afinal, tenho eu que aproveitá-las.
O meu amor, te dou.
Bom... tenho que entregar, enfim, não acha?
Há quem diga que esse meu mundo de zinco é só um pedaço da minha história.
Dizem os outros que de perto, pareço com um louco.
Que só fala do céu, dos caminhos e dos amores que vem e que vão.
Tenho, no fundo, que concordar com esses tais. Eles sabem bem o que dizem.
E se sou mesmo esse que dizem, bom... deixa estar.
Acabo mesmo escrevendo meu nome nessas histórias sem fim. Acabo mesmo deixando meus passos por aí, ainda que ninguém tenha a audácia de segui-los.
Mas foi nessas idas e vindas desse mundão velho e sem fronteiras que, sem querer-querendo, acabei tropeçando nos pés da moça que hoje me diz 'bom dia' com muita alegria.
E, estupefato, acordo coçando os olhos e ainda desacreditado.
É, senhora.
O homem estava sentado (ou andando), quase dormindo (ou cochilando) e ainda assim, conseguiu cair de face (DE FACE!) nessa história toda.
Puxa vida, meu Senhor.
Acho que algum daqueles profetas antigos já disse, mas vou fingir que fui eu... posso?
Vamos lá: parece mesmo que quando a gente não espera, acontece!
Pronto... disse.
Bom... eu não esperava e veja você onde é que o barco foi desaguar.
Agora, o próprio tempo dirá.

domingo, 17 de outubro de 2010

Papel de pão

De uma forma ou de outra, acabamos chegando ao fim.
Aí nos perguntamos se foi bom, se erramos e se o carteiro passou ou não.
Mas ele deverá entregar os papéis e as contas. Os débitos e as memórias.
Bate na porta ou toca a campainha esperando você abrir.
Resolve e o chama para o chá e lê com ele os papéis.
Ele ri, chora e se revolta.
E quando o chá termina, ele volta ao trabalho rotineiro.
Caminha por entre as ruas, de casa em casa, levando consigo as palavras que vem de longe.
Leva pra todos os cantos tudo aquilo que todos querem dizer.
Moço bom.
Mas as vezes cai a chuva e molha tudo aquilo que tinha pra ser dito.
O papel enruga e apaga a tinta.
Você cerra os olhos tentando ler as letras miúdas e borradas, mas já é tarde.
O que importa é que sabes que algo havia pra ser dito.
Alguém pensa em você.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Celular é imortal.

Caí do terceiro andar e saí andando. Doeram pernas, braços e couro cabeludo, mas nada que um pouco de água com gás não resolva. Daí tive que ir buscar minhas memórias na casa do seu Abreu que estava dando uma polida no meu passado e disse que faria um preço camarada. Eu iria acabar pagando à prestação, porque sempre me falta nota. Nota-se, porém, que o trabalho do tal homem foi realmente bom. Meus amigos disseram que o resultado foi 'bacana' mas eu já não acho. Quero dizer, o velho fez um bom trabalho. Ainda mais depois de um tombo do terceiro andar.
Depois disso, fui comer um pastel de vento com aquela pimenta que parece veneno de rato. Aí o moço da barraca falava pra mulher que queria um de pizza: Ih... vai chover mais quatro dias seguidos e ainda acho que vem trovão forte, porque o jornal da Globo falou.
Se for ver bem, é da Globo, né? Então... tá.
É, moça bonita... andei pela cidade, capotei e nem vi. Fiz meus afazeres e ainda deu tempo de lembrar de você durante o dia todo.
Na verdade, eu só pensei em você o dia todo.
O resto foi bobagem.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Farrapos e jornais molhados.

Há de ruir, no fim.
Assim como tudo que é triste tende a acabar.
Assim como a felicidade vai se dissipar.

Minhas lágrimas, cartas e mensagens para ninguém serão esquecidas e guardadas em caixas de metal cinza. E a ferrugem virá em breve, como quem não quer nada, para dominar todo o céu e derramar sobre nós as últimas letras do alfabeto.

Aí quando todos estivermos mortos de cansaço e com os cabelos cheio de metal corroído, alguém irá gritar tão alto que o próprio céu se assustará.

Boom. E num estalar de dedos, nascerá luz e brotará o verde. Escorrerá de nossos olhos as últimas lágrimas e encontraremos o amor.

É assim que a história é contada e é assim que nunca acontece.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Bem... talvez lhe falte.

Eu precisava mesmo me guardar um pouco e esperar o tempo passar. Aí então, quando os dias chegaram ao fim, pude dizer àquele moço que estava sentado naquela cadeira de balanço fazia algumas boas semanas: "Pronto!".
Bom... ele me olhou um pouco assustado e no seu rosto cansado eu via que não era o momento para eu partir. Mesmo assim, disse que já era tarde e que alguns poucos sonhos estavam a me esperar.
Quero dizer que... mesmo que... bom. Nem sempre é possível passar os dias inteiros sentado à beira de um riacho, somente a ouvir os pássaros e a sentir a brisa calma. É necessário um pouco mais de dor e de vida real.
A gente anda pra cima e para baixo, esquecemos dos lados. É normal para nós, que esperamos sempre os sonhos virem nos buscar.
A verdade é que, por muitas vezes, eles não virão.
Aí volta aquela vontade de reencontrar o velho moço, dizer pra ele que precisamos muito. Ele nos olhará com cara de quem não sabe bem do fim, e suas rugas se tornarão mais presentes, assim como engrossará sua voz e seu tom. Bem... não vamos nos assustar, no final. Ele há de dizer algumas poucas palavras, três versos, uma estrofe. Pouco, mas suficiente para tremer nossas pernas e nos dar ar.
É...
Pintei meu céu com novas cores depois de ouvir sua voz. Dá pra caminhar agora.
Se não sabe do que falo, bem... talvez lhe falte amor.