pensei em te impedir.
Era hora no relógio,
roupa no varal,
sono de cochilo na manhã.
Tinha escrito no papel de pão,
anotei a receita pra salvar seu coração.
Infelizmente eu não pude agir.
Desenrolava-se, ao redor, o seu mistério.
Como fumaça que sujava o ar,
suas palavras me deixavam cego...
Pedi que me desse água,
algo pra molhar o céu da boca.
Minha insegurança tremia em corda bamba,
tal qual o varal que segurava as roupas.
Detalhes como o anel em seu dedo.
O compromisso com o incerto - futuro taxado ao cemitério -
e eu, fixado nas solas de seus pés.
Você e seu andar sereno,
me levando horas pra cimento,
horas pro solo infértil.
Me deslocava pelo mundo sem saber que mundo era.
Foi justo no momento em que titubeei,
- quando sua mão tocou o sino,
quando por dentro eu desabei -,
que eu me vi sentado ali,
sozinho, no seu quarto de dormir,
me iludindo a conversar com as paredes.
E num relance, te deixei esse poema,
de um história longa, escrito de uma forma tão pequena.
Só pra te avisar que eu notei...
Notei que nada disso valia a pena.