Ah, que confusão.
Eu sei lá onde é que eu tô,
encafifado com esse treco de calor
que não passa e não me deixa respirar.
Encontro uns respingos de vontade,
vontade de sentir saudade,
vontade de voltar.
Mas mal começa essa tal vida,
velha história que anda ficando tão comprida
que fica impossível enrolar.
Gostava tanto do passado
do velho ato de idolatrar.
De pensar em coisas que se foram,
transpusemos, escrevemos
e que hoje mal consigo me lembrar.
Sei não se é poeira, sei não o que tem aqui.
Hoje eu só penso na besteira de amar quem tanto amei
e não poder vê-la sorrir.
E como sempre repito: ossos do ofício.
Do trabalho árduo de querer o fim
sem nem ter certeza do início.
Troco todo esse pensar e sentir pela calma de poder não ser
e ficando assim, não sendo por aí,
escrevo pouco
amo menos,
vejo cada dia partir.
Hoje não quero ser mais nada
nem amigo, nem poeta,
motorista do velho caminhão que percorre toda essa estrada.
O cansaço bate uma hora e dormir é necessário.
Gastei minhas economias comprando um novo colchão,
cobertores e um pequeno armário.
E depois de falar tanto, pra variar,
vou dormir como um urso, hibernar.
Volto qualquer hora.
O sono é bom pra gente esquecer de pensar.
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