quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Amor interior.

Olha o céu que cor que tá, Maria
Parece com aquela água suja que fica na bacia
Fala pro Tião que eu não vou mais capinar
Essa chuva que tá vindo pode até é me matar
E 'cê sabe que o véio tem um medo que não cabe
Quando cai aqueles raio e destrói nossa cidade
Lembra, véia, aquele dia que o vento veio forte
Eu disse pro 'cê o quanto tenho medo da morte.
Que bão que cê me abraço, dizendo que ia passar
Se não fosse pur causa do 'cê, logo logo eu ia chorar.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Biscoigumelos

Tá rolando um som estranho aqui por dentro
Um barulho que de noite impede que eu fique sonolento.
Fico então a conversar com o poeta
Dizendo que minha meta é criar meu universo.
Ele ri e a gente chora, coisa de gente grande
Eu imploro pra que fique meia hora, coisa pouca, fico triste quando vai embora.
É amigo de poucas horas, pois esse vai e vem o cansa muito
Diz que dorme por semanas e, enquanto isso, me contento com o silêncio mudo.
Quando amanhece, coço os olhos e reflito sobre o tempo
O velho homem que me deu alguns conselhos se esqueceu que envelheço, mas não cresço.
Que em minha face crescem pelos, nascem rugas... que desespero.
E o meu lamento se traduz nessas poucas palavras
Digo que sou forte, mas vejo que o que me falta é raça.
Tô querendo um pedaço do céu, o amor de Rapunzel e um pote de geléia
Sentado nessa rede, conversando com a parede é difícil que isso chegue.
É nessas horas que penso em me mudar
Pra um lugar qualquer, pacacidade, me casar com essa mulher
Ter um filho, um lar, quatro garfos e uma colher
Um pássaro pra chamar de Zé, uns poucos pés de café
E o resto, seja o que Deus quiser.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Vorta, mula!

Houve uma grande discussão e um barulho ensurdecedor.
Durante o dia andamos um pouco, tranquilamente, para ver o que sobrou.
Era verão e o tempo tinha tudo para sorrir
Enquanto a onda invadiu e a gente ficou sentado, à beira do abismo, olhando o sol de pôr.
Tive medo de que tudo mudasse.
Tive aquela dor que você disse que viria.
Fiz meus planos e tudo mais que tinha para arrumar...
Dos quilômetros que voei, alguns muitos foram tirados para pensar.
Quanta coisa há por aqui, quanta coisa há pra mudar.
Eu só queria um novo dia, mais um pouco de amigos, uma vaga do seu lado.
Um supapo na orelha, quatro colheres de chá.

Olha só onde eu vim parar... do lado de alguns que nunca vi e outros que já vi mudar.
E quando eu tive medo e vi o tempo parar, alguém me cutucou e disse que logo logo iria melhorar.

Tô aqui fazendo escolha,
Dando nome as coisas,
Descobrindo um mundo,
Olhando o lado que nunca vi.

Quem sabe tudo se firme
e eu, então, fique pra cá.
Filosofando sobre o nada
Comendo meu vatapá.