segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Costura meu peito

Puxei fios de recordações desse pequeno baú chamado memória. Costurei essa saudade junto aos botões de minha camisa.
Carrego a lembrança.
Colados nas solas desse sapato velho estão o suor e as lágrimas dessa dura labuta. Meus olhos ardem por não ter motivos para chorar.
E eu que pensei ser feliz por não sofrer acabei descobrindo que era minha dor que me dava motivos para escrever.
Se meus passos se distorcem, se minhas mãos tremem e se meus olhos ardem é porque falta a clássica dor de amar.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Dois passos e um salto.

Bom...
Chegaram, enfim, os novos dias.
Vieram em caixas coloridas e bem enfeitadas, com cartões com alguns dizeres animadores.
Tomei minha caixa em mãos e a abri.
Poxa vida!
Juntos aos meus novos dias, encontrei um manual.
Instruções claras de como otimizar os dias que iria viver dali pra frente.
Resolvi fazer diferente das outras vezes e agora, segui meu manual.
Deixei de lado algumas coisas, trouxe para comigo tantas outras novas. Aposentei sentimentos e renovei espíritos adormecidos.
Tornei-me novo.
É fato que, ao me olhar no espelho eu não me reconheça, mas o tempo irá fazer com que eu me acostume com esses novos traços.
Encontrei novos olhos para olhar, novas mãos para apoiar.
Pedi a Deus que pusesse um sorriso em meu rosto.
Que Ele cortasse meus cabelos e reanimasse meu coração.
Assim, renovei minha vida e minha alma. Meu coração encontrou uma nova forma de viver. Minhas pernas procuram agora por novos caminhos e meus olhos se surpreendem com cada nova nuvem que aparece no céu.
Deixo meu agradecimento aos anjos que me trouxeram novos dias e também a esse tal Deus que botou esperança em meu rosto cansado.
O que fui está guardado em uma caixa também. Bem trancado e longe de mim.
O que sou está aqui, esperando por você.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Durma, livro meu.

Sobraram somente algumas linhas no livro da minha vida e eu ainda tinha muito o que contar.
Pena.
Não queria descrever minha morte, minhas dores finais. Não queria mesmo contar sobre meus amores e sobre minhas jornadas até o interior de minha mente.
O espaço era pequeno, precisava ser preciso e direto e, ainda assim, descrever com clareza o momento mais importante de toda minha caminhada vital.
Eu, que sempre fui especialista em dar mil voltar para chegar a um ponto, precisava agora deixar de lado todas as minhas alegorias para somente expor os fatos.
Só havia um pequeno problema.
Não sabia o que contar.
Vi minha história passar diante de meus olhos e ainda assim não consegui tirar desse emaranhado de sentimentos um único que fosse importante o bastante para completar meu livro.
E enquanto os créditos já começavam a subir, vi o suor escorrer pela minha face. Estava com medo de ter vivido toda uma vida e ainda assim ter sido incapaz de guardar algumas poucas palavras ou uma pequena história para o meu desfecho.
Foi assim, sem saber o que escrever, sem ao menos saber se tinha o que escrever, que caí em mim e percebi.
Não são palavras em um papel surrado que dirão se foi válido ou não.
Meus sentimentos passados e presentes não foram feitos para serem descritos por uma série de metáforas. Foram feitos para sentir e somente isso.
Nas últimas linhas que me faltavam, fui direto. Objetivo como nunca antes. Sem delongas.

"Se morro hoje é porque vivi. E só eu sei o quanto. Adios, Esteban."

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Lágrimas do nosso adeus.

Não sobrou muito pra dizer.
Esperava muito mais de você,
E bem menos de mim.

Tentei entender, mudar, crescer.
Levar comigo memórias para crer,
Se a resposta fosse sim.

Mas você não é assim.

Veste tua capa de chuva,
Pois muita água cairá.
Os céus não querem assistir o nosso fim.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Texto sem nome, probrezinho.

Bom dia
Quer ouvir sobre mim?
Esqueça
Já estou quase no fim.

Dessa história o que ficou
Deixou, passou, não mais
E se sobrou não é capaz
De me dizer o que fazer

Até que enfim
Como quem não quer saber do 'sim'
Voltou e disse que o tempo
Se esqueceu de avisar

Que há dias pra correr
Histórias pra contar
Memórias pra guardar
E amores pra criar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O pouco para muito

Não é preciso muito tempo para se criar um universo de sensações.
Na verdade, nada necessita de tempo prolongado. Basta querer e... torcer.
Engraçado é que, ocasionalmente ou não, nos deparamos com coisas que não conseguimos entender.
E é assim, nesse estalar de dedos que nos vemos perante pessoas que nos trarão algo além de palavras soltas ao vento.
Trarão sorrisos.
Trarão presença.
Não é a duração do contato que demonstrará a intensidade do sentimento ali presente.
Assim como não é tempo que determinará a continuidade das coisas.
Percebemos com facilidade quando as coisas são realmente boas.
Com poucas palavras, sabemos quem é de verdade.
E é assim, que de longe, digo que sinto saudades.