Eu dei as costas para o meu medo e se quer saber, me dei muito bem. Bom, comprei aquelas asas da promoção e foi uma bela aquisição. Houve um problema, porém. Levava em minhas costas peso demais e acabou que meu voo durou bem pouquinho. Tive eu que botar pra fora muita coisa.
Guardei tudo naquele quarto vazio logo depois da curva. Botei uma cadeira de balanço e me sentei para observar tudo aquilo que estava deixando para trás. Me perguntei como eu pude manter tudo aquilo comigo.
Passadas umas boas horas, caí em mim e voltei pra fora. Havia uma montanha muito alta. Mais alta que meus sonhos. Mais alta que o céu. Andei tanto para chegar ao topo que minhas pernas viraram pó. Pó mesmo, areia. Pelo menos deu tempo de me sentar no topo.
Olhei pro mundo da mesma forma como havia olhado para o tal quarto cheio de lembranças. De lá de cima vi tudo o que os homens fazem. Toda a dor que causam. Todos os problemas que criam.
Rastejei, então, para o fim dos tempos. Não pulei, pois não tinha pernas, mas caí morro abaixo. Rolei por semanas e quando cheguei ao fim, encontrei o que procurava.
Por muitas vezes você anda, anda, anda e quando pensa não haver mais esperança, uma mão aparece para te salvar.