resolvi fazer de ti meu lar.
Com a leveza que caminhas
e o peso de seu olhar,
espero que me leve longe,
pra qualquer caminho que queira andar.
Estou no mar, preso às ondas,
tentando me levantar.
Após os caldos,
escalpos a rolar,
digo-lhe com pressa que seu amparo é necessário.
Sozinho não sei andar.
É mais uma manhã
e minha prece para o deus é como um jazz.
Aqui jaz o mistério,
a porta dos fundos do necrotério,
o meu medo mais fugaz.
Ao tocar meu rosto com destreza,
levanto-me e subo na mesa
e esse poema baixo começo a declamar.
Na bela intenção de conquistar um coração,
de criar paredes,
estruturas,
um chão,
pro nosso amor repousar.
Eu vejo embaçado sem seus óculos,
sem a luz que guia meu penar.
Sua vida é parte essencial,
é ar que respiro,
força sobrenatural,
impossível de apagar.
Já que foi criado o mundo assim
torto, insano,
sem meio, começo e fim,
resolvi em ti me apoiar.
És a trilha,
a guia,
o braço e mão a me segurar.
Trato de botar fim na dor,
sem dinheiro no bolso,
assim mesmo,
sem bicheiro, avarista ou fiador,
e levo-te comigo um pouco mais além.
O futuro nos aguarda com tranquilidade,
já que dentro de nós sobra somente amor e saudade
e a vontade de nunca mais dizer adeus.