Fiz da minha alma um túmulo de boas esperanças.
Depositei em uma caixa os últimos vestígios de sorrisos.
Por fora, sobraram apenas cinzas da destruição.
Já não me vejo. Já não existo.
Dentro de mim, há vazio.
Retirei tudo o que valia guardar e, então, guardei.
Vivo na esperança, na espera.
Meu coração bate por inércia esperando o fim dessa contínua história de desapego.
Às vezes acho que vou me esquecer de viver. Assim como esqueço de me alimentar. Respirar já se tornou um mero detalhe, tal como cortar o cabelo ou fazer os poucos fios de barba que nascem em meu rosto pálido e cansado.
Desistir da vida talvez seja um grande pecado, mas sou incapaz de cometer o maior deles: tirá-la de mim.
Já estou fraco o bastante para não aguentar sequer dizer meu nome. Agora digo ser apenas solidão.